Em 2021, o TikTok escolheu o sudeste asiático para experimentar um modelo de social commerce em uma tentativa de expandir suas fontes de receita decorrentes de anunciantes. A ideia é que a rede social passasse a operar também como uma plataforma para a venda direta de produtos.
Nos últimos meses, um plano de expansão foi criado para levar essa frente aos Estados Unidos. O que a empresa talvez não esperasse é que os custos seriam tão altos. Somente nesse ano, a queima de caixa para exportar a operação para o mercado americano deve somar mais de US$ 500 milhões.
Segundo o portal americano The Information, o prejuízo da plataforma, batizada de TikTok Shop, é decorrente dos custos para a contratação e a montagem de uma estrutura de entrega das encomendas. Uma outra parcela envolve os recursos para subsidiar descontos dos produtos, além da oferta de frete grátis.
Ainda que o montante seja alto, o custo representa apenas uma fração dos US$ 18 bilhões de lucro operacional que a ByteDance, a empresa controladora do TikTok obteve em seu último ano fiscal.
Ainda assim, uma queima de caixa de US$ 500 milhões chama a atenção pelo fato de que a companhia está enfrentando problemas com órgãos reguladores americanos, que ameaçam banir a plataforma do país.
Um investimento dessa magnitude pode ser uma das tentativas do TikTok para se defender da Amazon, que também está se movimentando em direção ao social commerce. No ano passado, a empresa lançou a Inspire, uma plataforma de fotos e vídeos semelhante ao TikTok, em que os usuários também podem "curtir" e comprar produtos.
Até aqui, os primeiros resultados da frente de comércio eletrônico do TikTok nos Estados Unidos ainda são tímidos. O negócio movimenta, diariamente, entre US$ 3 milhões e US$ 4 milhões, no país. A expectativa é de que esse volume chegue a aproximadamente US$ 10 milhões até o fim do ano.
Já no sudeste asiático, a cifra diária fica entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões, e a companhia espera ampliar esse valor para até US$ 90 milhões, ainda em 2023. Para efeito de comparação, a Shopee movimenta o dobro na região.
No longo prazo, o TikTok enxerga um potencial para movimentar mais de US$ 200 bilhões por ano em vendas nos Estados Unidos. Entretanto, se nada sair do roteiro planejado pela companhia, esse volume deve ser alcançado apenas em 2028.
Em paralelo ao mercado americano, a empresa tinha planos de lançar uma versão da plataforma no Brasil. Conforme antecipou o NeoFeed, no fim de 2022, a previsão era promover a estreia da ferramenta no País no primeiro trimestre de 2023.
Entretanto, segundo reportagem do Financial Times de maio desse ano, a equipe que respondia pela estruturação desse projeto foi realocada para mercados em que a plataforma já operava e com dificuldades.
Além dos Estados Unidos, o outro destino dessa reorganização de prioridades foi o Reino Unido, onde a TikTok Shop foi lançada em 2021.