Desde que anunciou um fundo de US$ 5 bilhões para a América Latina, o Softbank se notabilizou por assinar cheques com valores nunca antes vistos na região.
Em abril, o aplicativo de entrega colombiano Rappi recebeu um aporte de US$ 1 bilhão. A rede academias Gympass teve uma injeção de US$ 300 milhões, em junho, liderada pelo fundo japonês. No mesmo mês, a Loggi foi capitalizada em US$ 150 milhões.
Em julho, foi a vez da Creditas, que recebeu US$ 231 milhões. O Softbank, um mês depois, pagou R$ 760 milhões por uma fatia de 8% no banco digital Inter.
Neste sentido, chamou a atenção o mais recente aporte de "pífios" R$ 70 milhões feito pelo Softbank no marketplace de veículos usados Volanty, startup fundada pelos empreendedores Mauricio Feldman e Antonio Avellar, em 2017.
É, não há dúvida, uma grana alta para a imensa maioria das startups brasileiras. Mas, sob a perspectiva do Softbank, pode ser considerado um cheque de baixo valor.
O que explica esse aporte? Segundo apurou o NeoFeed, trata-se de uma nova estratégia do Softbank para estar perto de startups da região latino-americana em fases mais iniciais do negócio, entre as séries A e B.
Na prática, o Softbank está se aproximando dos principais fundos da região, como Kaszek, Monashees, Redpoint eventures e Canary, para participar de rodadas em fases iniciais – o chamado early-stage, no jargão do setor. Até agora, os aportes aconteciam startups em estágios mais avançados.
“É, de fato, um cheque baixo para o padrão do Softbank, mas é um sinal de que eles acreditam no nosso potencial desde o início”, disse Feldman, ao NeoFeed.
Observe o aporte na Volanty. Ele é coliderado pelo Softbank e pelo Kaszek. A Monashees e o Canary, que já investiram US$ 5 milhões na startup na série A, fizeram o follow on e também participaram da rodada.
“O Softbank se transformou no maior investidor institucional de venture capital no Brasil”, diz um gestor brasileiro, que prefere não ser identificado. Outro investidor de capital de risco, com quem o NeoFeed falou, confirmou a estratégia. “Eles estão conversando com os principais fundos do Brasil.”
Não está claro se o Softbank está aportando recursos diretamente nos novos fundos, que estão em fase de captação, ou se está apenas se aproximando dessas gestoras para conhecer os seus portfólios e fazer investimentos.
Procurados, Kaszek, Monashees, Redpoint eventures e Canary não quiseram fazer comentários.
Crescimento acelerado
O dinheiro do Softbank e Kaszek vai ser usado para acelerar a expansão da Volanty. A empresa conta com nove centros físicos em São Paulo e três no Rio de Janeiro. O objetivo das unidades é avaliar, precificar e fotografar os veículos para que sejam anunciados.
A startup também providencia a documentação necessária para a transferência do carro depois da venda e oferece um ano de garantia ao veículo. A Volanty cobra uma taxa de 7% sobre o valor da transação pelos serviços prestados.
Em seis meses, o plano da Volanty é ter presença em mais de três cidades, além de São Paulo e Rio de Janeiro
De acordo com Feldman, o plano é contar com até 30 unidades físicas até o fim do ano. Em seis meses, o plano da Volanty é ter presença em mais de três cidades, além de São Paulo e Rio de Janeiro.
Hoje, a startup conta com um inventário de 900 carros e a ideia é crescer aceleradamente o número de veículos à medida que a companhia abrir novos centros de inspeção, bem como chegar a novas cidades.
Para dar apoio a essa expansão, novos profissionais vão ser contratados. Os recursos do aporte vão ser usados também em marketing, para divulgar a marca do marketplace.
O plano da Volanty ainda é oferecer novos serviços para quem está comprando e vendendo carros. Feldman diz que está negociando com fintechs e startups do ecossistema automotivo para oferecer financiamento, seguros e acessórios. “Será uma solução completa”, diz o empreendedor.