Há dois anos e meio, as moedas virtuais começavam a chamar a atenção de um número maior de investidores. O Bitcoin, principal criptomoeda, dava início a sua escalada que o levou a valer quase US$ 20 mil em dezembro de 2017 – hoje, ele está avaliado na faixa dos US$ 11 mil
Foi nessa época que o banco de investimento BTG Pactual começou a olhar para essas novas moedas e criou um grupo interno para estudar a novidade tecnológica.
“A discussão era muito polarizada. Alguns diziam que o Bitcoin ia mudar o mundo. Outros que só servia para lavar dinheiro”, relembra André Portilho, sócio do BTG Pactual, responsável por essa estratégia.” Fizemos uma abordagem neutra e agnóstica, sem nenhum viés. E vimos oportunidades de trade.”
O que o grupo do BTG Pactual enxergou não foi uma oportunidade nas moedas virtuais. Mas sim na blockchain, a tecnologia que tornava o bitcoin viável. “Não adiantava estudar e não fazer nada”, afirma Portilho. A aposta do BTG Pactual foi nas chamadas “securities tokens”.
As “securities” são ativos negociáveis, como débitos, debêntures, ações ou até mesmo imóveis. Ter uma “securitity” indica que você tem algo sem a necessidade de possuir o objeto. Uma seguridade de ouro significa que você tem uma certa quantidade do metal sem precisar comprá-lo ou guardá-lo em um cofre. Quando isso acontece numa rede blockchain, ela se chama “securities token” (saiba mais aqui).
Em fevereiro deste ano, o BTG Pactual se tornou um dos primeiros bancos de investimento do mundo a fazer uma oferta de tokens de seguridade (STO, da sigla em inglês). Trata-se do ReitBZ , um token securitizado com lastro em imóveis recuperados.
Nesta semana, o BTG Pactual deu um novo passo em sua aposta nesses criptoativos. O banco controlado por André Esteves anunciou uma parceria com o Dalma Capital, empresa de gestão de ativos baseada em Dubai, para vender mais de US$ 1 bilhão em “securities tokens”. Os dois parceiros usarão a plataforma de blockchain Tezos para as suas STOs.
“Temos planos de emissões que podem chegar até US$ 1 bilhão”, diz Portilho. “A ideia é fazer STOs de ativos e produtos financeiros e até mesmo participação em startups.”
Um estudo realizado pela BlockState, uma plataforma suíça de STOs, chegou a conclusão que essa estratégia está em franca expansão. São estimados 83 STOs neste ano. Em 2017, foram apenas 5.
Até o momento, essa nova indústria já testemunhou 64 STOs bem-sucedidos, que captaram US$ 1 bilhão. Os países que mais realizaram essa nova modalidade de investimento são os Estados Unidos, a Suíça, a Alemanha, o Reino Unido e a Estônia – juntos representam 75% de todos os STOs.
O mercado é dominado pelo setor financeiro, que realizou 77% de todos os STOs. O mercado imobiliário vem a seguir, com 11%.