O que faz uma pessoa ter sucesso na vida e na carreira? Essa é uma questão na qual o CEO e presidente da Mastercard, Ajay Banga, gosta de responder.

Banga lembra que quando era criança, o mais importante era ter um QI (quociente de inteligência) alto. Com o passar dos anos, um novo atributo se somou a ele: o quociente emocional.

“Eu digo que há uma terceira coisa: é o quociente de decência”, disse Banga, para uma plateia de parceiros da Mastercard, nesta sexta-feira, 5 de julho, em São Paulo.

O indiano Banga é um dos executivos que está por trás do movimento que ficou conhecido como capitalismo consciente, embora ele ache isso só mais uma palavra da moda, como inclusão.

“Nenhum de nós deve crescer e prosperar se a comunidade ao redor não prosperar também”, declarou ele, durante uma entrevista de 30 minutos durante o evento Master Mind. “Isso sim é capitalismo consciente.”

Em 2015, ele assumiu um compromisso no qual o chamaram de louco: incluir 500 milhões de pessoas no sistema financeiro até 2020. Neste ano, de acordo com o executivo, a Mastercard já chegou a 400 milhões de pessoas. E como ele fez isso? “Com diversos parceiros, que me ajudam a atingir essa meta”, disse Banga.

Um exemplo é o México, que está distribuindo benefícios sociais para 20 milhões de pessoas e escolheu a Mastercard como veículo para entregar o benefício. Na África do Sul, a companhia ajuda o governo em projetos de painéis solares em cidades isoladas. A tecnologia não só traz energia às casas, como permite também a conexão a internet. “Estamos fazendo essas parcerias em todas as partes do mundo: na África, na América Latina, na Ásia e na Itália.”

“Vamos ter a internet de tudo, mas não teremos a internet para todos"

Banga assumiu a Mastercard em 2010, depois de 14 anos no Citigroup. Desde então, o faturamento o e desempenho das ações da companhia cresceram de forma acelerada.

Em julho de 2010, quando Banga assumiu, os papéis da Mastercard eram negociados a US$ 21. Hoje, estão cotados a US$ 271, quase 13 vezes mais. O faturamento saltou de US$ 5,53 bilhões, em 2010, para US$ 15 bilhões no ano passado.

O executivo fez isso criando uma rede extensa de parceiros de negócios. As fintechts, que eram consideradas inimigas, passaram a ser as grandes parcerias da companhia. “O Brasil é o paraíso das fintechs”, afirmou o executivo, sabendo que muitas delas estavam na plateia para ouvi-lo.

Durante sua entrevista no palco, Banja também fez comentários sobre as grandes tendências do futuro. A primeira delas é a internet das coisas, que vai permitir que bilhões de objetos se conectem à web. “O mundo que nós vivemos vai estar conectado”, afirmou ele. “E a tecnologia 5G vai permitir que todos nós tenhamos um supercomputador no nosso bolso, pois vamos estar conectados na nuvem.”

A segunda tendência é uma consequência da primeira. À medida que mais objetos estão conectados à internet, o número de dados cresce de forma exponencial. “Os dados são novo petróleo”, repetiu Banja, um bordão dos executivos de tecnologia. Mas acrescentou. “Os dados são melhores do que o petróleo, que é finito. Os dados, na verdade, se multiplicam.”

Por fim, Banga, fez questão de lembrar da ascensão do populismo ao redor do globo, citando com uma tendência. Mas fez questão de sublinhar que os jovens querem um emprego e uma vida melhor.

Lembra do quociente de decência do começo do texto? Pois bem. Banja afirmou que a internet é a tecnologia que criou a democratização da informação. Mas acrescentou que ainda existem 2 bilhões de pessoas que não têm identidade ou conta bancária. “Sem isso, é muito difícil ter acesso a internet.”

Seu medo, disse Banja, é que os evangelizadores tecnológicos não entendam por que as pessoas não têm acesso a internet. E, se nada for feito para mudar isso, faz um alerta. “Vamos ter a internet de tudo, mas não teremos a internet para todos."