Com a taxa Selic em 13,75% ao ano, contrair um empréstimo para comprar um imóvel ficou mais difícil para muitas pessoas, gerando receio a respeito das perspectivas das incorporadoras.
Mas o Santander não vê esse contexto prejudicando as companhias do setor listadas na B3. O entendimento do banco é de que as vendas estão em patamares positivos e os consumidores devem começar a olhar para o mercado imobiliário com mais intensidade após a eleição presidencial.
Em especial, esse cenário deve ser positivo para as construtoras voltadas para o público de média e alta renda, que vêm sofrendo com preocupações em relação a questões como índice de cancelamento e o ritmo de vendas, segundo os analistas Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheus Meloni.
Em relatório, eles elevaram os preços-alvo das ações de cinco de seis incorporadoras expostas aos mercados de média e alta renda. Os analistas avaliam que a queda dos custos de construção e a perspectiva de fim do ciclo de alta da Selic deve permitir aos consumidores assumirem empréstimos para comprar imóveis.
“Apesar de o Brasil estar no meio de um longo e pronunciado ciclo de aperto monetário, com a Selic subindo 11,75 pontos percentuais desde março de 2021, as vendas de projetos bem desenvolvidos continuam com um desempenho em linha com as expectativas das companhias", diz um trecho do relatório.
Para os analistas, os cancelamentos permanecem controlados, graças à valorização das unidades e altos níveis de entrada para evitar o reajuste do INCC durante a fase de construção dos projetos.
Entre as incorporadoras de alta renda, a Cyrela é a preferida dos analistas do Santander. A recomendação é de compra e o preço-alvo passou de R$ 21,00 para R$ 22,00, com a companhia se beneficiando da venda de projetos lançados nos últimos 24 meses, que devem elevar o Retorno sobre o Patrimônio (ROE) dos 11% previstos para este ano para 14,2% em 2024. O dividend yield de 7,1% projetado para o próximo ano também é considerado um fator positivo para a empresa.
A JHSF é outro nome destacado pelo Santander, também com recomendação de compra e preço-alvo indo de R$ 9,00 para R$ 10,00. Para os analistas, a companhia executa bem sua estratégia, conseguiu reduzir sua alavancagem financeira e melhorou seu retorno ao criar um ecossistema “inovador e de alto valor” para consumidores de alto padrão. O ROE nos últimos 12 meses alcançou 18,9%, uma evolução significativa em relação aos 4,5% de 2018.
A EZTec também teve a recomendação de compra reiterada, com o preço-alvo saindo de R$ 18,00 para R$ 25,50. A expectativa é de que a companhia acelere o número de lançamentos nos próximos 12 meses, diante de uma melhor perspectiva dos custos, aliada a um aumento das vendas de alguns projetos considerados diferenciados e à redução do tamanho dos estoques.
O preço-alvo da Even, por sua vez, foi elevado de R$ 7,00 para R$ 8,50 e a recomendação permanece sendo de compra. Os analistas afirmam que a companhia registrou um bom desempenho de vendas no segundo trimestre, aumentou o percentual de unidades novas no mix de vendas e conseguiu diluir as despesas. Mas ressaltam que o alto nível dos estoques, comparado com a média histórica, representa um risco para lançamentos.
Já a Tecnisa teve seu preço-alvo elevado de R$ 3,30 para R$ 3,80, mas a recomendação do Santander é neutra para as ações. Os analistas avaliam que o momento favorece, mas a companhia ainda precisa avançar em seu processo de reestruturação. Entre os fatores que precisam ser endereçados estão o alto nível de endividamento, com a relação entre o passivo e o patrimônio líquido total na casa dos 63%.
O único nome que teve o preço-alvo mantido foi a Moura Dubeux, em R$ 9,50. Mas a recomendação é de compra, com a companhia aproveitando um ambiente competitivo favorável no Nordeste.
Por volta das 14h13, as ações da Cyrela caíam 0,62%, a R$ 16,09. Os papéis da JHSF recuavam 0,96%, a R$ 7,23. A EZTec apresentava tinha queda de 0,64%, a R$ 20,19.
As ações da Even subiam 1,09%, a R$ 6,47, e Moura Dubeux avançava 3,39%, a R$ 6,40. Já a Tecnisa caía 4,65%, para R$ 2,87.