A startup Pacaso, que permite que várias pessoas sejam coproprietárias de casas de veraneio, acabou de se tornar o unicórnio mais rápido dos Estados Unidos, como são chamadas as empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.
Foram apenas cinco meses desde seu lançamento oficial, em outubro de 2020, até a captação de US$ 75 milhões e US$ 1 bilhão em dívidas em uma rodada liderada pelo fundo Greycroft e participação do Global Founders Capital.
O recorde anterior havia sido registrado em 2018, quando a startup Bird Rides Inc, de Los Angeles, atingiu o status em apenas seis meses. A Bird oferece patinetes elétricos para aluguel, em um formato parecido com o que a Yellow, que faliu, havia popularizado no Brasil.
No Brasil, o tempo médio para uma startup se tornar um unicórnio é de oito anos, de acordo com o estudo Corrida dos Unicórnios 2021, realizado pelo Distrito, ecossistema independente de startups. A Loft foi um ponto fora da curva e conseguiu o status em apenas dois anos – a startup anunciou ontem um aporte que a avaliou em US$ 2,2 bilhões.
A Pacaso foi criada por veteranos do mercado imobiliário dos Estados Unidos. Um dos fundadores, Spencer Rascoff, foi cofundador e CEO da Zillow, maior plataforma dos Estados Unidos para consulta de casas e apartamentos à venda ou para locação. E Austin Allison, CEO da Pacaso, fundou a Dotloop, plataforma de gestão de transações imobiliárias que foi comprada pela Zillow em 2015.
A startup divide a propriedade de uma casa de férias entre muitos compradores, dando-lhes tempo na casa proporcional ao percentual que possuem. É um modelo semelhante ao tradicional timeshare, exceto pelo fato que os compradores da Pacaso têm uma participação real na propriedade, em vez de apenas o direito de usá-la em uma determinada parte do ano.
"A Pacaso está institucionalizando esse processo, acabando com o stress, os problemas e as dores de cabeça", disse o CEO, Austin Allison, em entrevista ao site Business Insider.
Antes do lançamento oficial, a startup fez alguns testes do formato usando outro nome no início de 2020. Desde outubro, já recebeu 60 mil pedidos de potenciais compradores interessados em entender o formato.
Com os novos recursos, a startup quer expandir suas operações para a costa leste dos Estados Unidos. Por enquanto, atua apenas na costa oeste, principalmente na Califórnia. O plano é estar disponível em todo o território americano até o fim de 2021 e, eventualmente, passar a oferecer a solução também internacionalmente.
A rapidez com que as startups estão alcançando valorizações bilionárias reflete a a alta liquidez do mercado financeiro por conta de taxas de juros baixas ao redor do mundo. Mas há um temor se isso não pode gerar uma bolha, em razão de valuations descolados da realidade.
A Loft, por exemplo, que recebeu um aporte de US$ 425 milhões liderado pela D1 Capital Partners, com apenas três anos de vida, vale mais do que a tradicional construtora e incorporadora Cyrela (R$ 12 bilhões versus R$ 9,4 bilhões).
Em meados de março, a fintech Stripe recebeu um aporte de US$ 600 milhões que a avaliou em US$ 95 bilhões (R$ 527 bilhões). É mais do que a mineradora Vale, a empresa mais valiosa da bolsa brasileira, cuja capitalização é de R$ 482,6 bilhões.
A consultoria americana CB Insights calcula que existam 611 unicórnios no mundo. Somados, eles valem US$ 2 trilhões. As cinco startups mais valiosas são, nessa ordem, Bytedance, dona do TikTok, avaliada em US$ 140 bilhões; Stripe; SpaceX, Didi Chuxing (dona da 99 no Brasil); e Instacart.
A fintech brasileira Nubank, avaliada em US$ 25 bilhões, é a décima colocada no ranking da CB Insights.