Três anos depois de lançar o banco digital Next, o Bradesco promoveu hoje a estreia de mais um pilar na agenda para transformar seu negócio tradicional e ir além do mundo físico. A novidade veio com a criação da Bitz, empresa do grupo que irá atuar no segmento de carteiras digitais.
O início da operação acontece mais de um ano depois de o Itaú Unibanco entrar nesse mercado, por meio do iti, e cerca de três semanas após o Santander lançar a sua plataforma de pagamentos instantâneos, a SX.
Na visão do Bradesco e da Bitz, no entanto, o fato de o segmento já estar sendo explorado há mais tempo por esses grandes concorrentes não prejudica a operação.
“Temos concorrentes já com carteiras expressivas, mas esse mercado ainda está em fase inicial”, afimou Curt Cortese Zimmerman, que atuará como CEO da Bitz, em teleconferência realizada agora à tarde. “Temos um plano agressivo e queremos ter uma fatia entre 20% e 25% do mercado de carteiras digitais no prazo de três anos.”
O executivo destacou que o iminente lançamento do PIX, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, abre uma boa perspectiva para que a Bitz recupere qualquer tempo eventualmente perdido e ganhe terreno rapidamente. “A Bitz nasceu para usar o PIX. É uma oportunidade de a nossa carteira já nascer interoperando com todas as outras do mercado em um curto espaço de tempo”, afirmou.
A operação da Bitz, a princípio, vai compartilhar algumas áreas com o Bradesco, como marketing e recursos humanos. Zimmerman justificou, porém, a decisão de criar uma empresa apartada do banco para atacar esse segmento.
“Decidimos ser uma fintech e viver a flexibilidade que essas empresas têm de forma completa”, afirmou o executivo sobre a companhia, que terá como sede o InovaBra Habitat, hub de inovação do Bradesco localizado na região central de São Paulo.
Dentro do plano de escalar o negócio rapidamente, o executivo prevê um investimento de cerca de R$ 100 milhões na companhia em seu primeiro ano de atividade. O montante não inclui duas aquisições que estão sendo negociadas no momento. Um dos acordos envolve a compra de uma carteira digital já em operação.
A outra conversa refere-se a uma empresa de tecnologias de pagamento digital. Com as duas aquisições no radar e próximas de um fechamento, a projeção é de que a Bitz opere com uma estrutura de cerca de 60 pessoas.
Disponível a partir de hoje, o acesso à carteira digital da Bitz é gratuito, está aberto a qualquer usuário, seja pessoa física ou pessoa jurídica, em particular, microempreendedores. E se dará por meio do cadastramento de uma selfie e de um documento com foto. A oferta terá como base uma plataforma de tecnologias white label da Cielo.
Já o portfólio inclui cartões digital e físico, aceitos em toda a rede da bandeira Elo, com uma rede de cerca de 1,5 milhão de estabelecimentos disponíveis para pagamentos via QR Code. Entre outros recursos, o cliente terá acesso a saques na rede Banco 24Horas, cashback de transações e remuneração com 100% do CDI para saldos acima de R$ 100 na carteira.
A Bitz também já nasce com parcerias como a oferta de crédito, por meio da Losango, e a possibilidade de integrar cartões de alimentação e refeição da Alelo. "Temos discutido com outras empresas do grupo, como a Veloe, para integrar outras jornadas", disse Zimmerman. "A ideia é que a nossa carteira seja usada, de fato, para tudo, e que seja forte para o dia inteiro do cliente."
Ele ressaltou que a Bitz, com uma oferta menos ampla que o Next, mas também com menos restrições de acesso, pode exercer outro papel dentro da estratégia digital do Bradesco.
“Temos uma parcela importante da população ainda não bancarizada e acreditamos que a Bitz pode ser a entrada dessas pessoas no mundo do Bradesco”, afirmou. “Estamos vendo a empresa muito mais como agregação de novos clientes do que como uma oferta para os clientes atuais do banco.”
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