A gigante de aluguel de carros Hertz puxou o freio de mão no pagamento de algumas dívidas e ligou o alerta entre os investidores.
O negócio da empresa, que já andava em marcha lenta diante do prejuízo de US$ 58 milhões registrado em 2019, mesmo com receita de US$ 9,7 bilhões, pode não aguentar o tranco do novo coronavírus, que colocou praticamente em ponto-morto suas atividades.
Avaliada em quase US$ 600 milhões, a Hertz vê cada vez mais distante a possibilidade de honrar sua dívida total de US$ 17 bilhões – sendo US$ 3,7 bilhões referente a títulos e empréstimos corporativos e US$ 13,4 bilhões em notas lastreadas a veículos.
Em conversas com consultores financeiros e advogados a fim de reestruturar sua operação, a companhia parece cogitar a possibilidade de decretar falência. Procurada pela reportagem do NeoFeed, a Hertz não comentou o assunto.
Na página dedicada ao relacionamento com investidores, a empresa se limita a dizer que "à luz dos impactos da pandemia e da incerteza quanto à força e prazo da retomada do mercado, foi necessário tomar atitudes agressivas para preservar a liquidez das operações".
Ainda no comunicado, a companhia disse gozar de um período de carência que se estende até 4 de maio. Caso seus credores e acionistas não colaborem com reajustes nos termos negociados, a Hertz vai ser "impactada negativamente e materialmente".
Imediatamente após a empresa publicar sua nota, as ações do grupo despencaram na bolsa. De ontem para hoje, a queda foi de 14,7%. Desde o começo do ano, os papéis da gigante já cederam mais de 70%.
Para tentar minimizar o estrago, entre demissões e licenças não-remunerada, a Hertz dispensou 10 mil funcionários apenas na América do Norte. A medida ocorreu após o governo americano aprovar, em março, programas de licença não-remuneradas.
Companhias rivais como Avis Budget e Enterprise também reduziram suas equipes e engrossaram o lobby federal em busca de assistência econômica durante a pandemia. As empresas garantem que a ajuda estatal é fundamental para que o setor sobreviva à crise.
A CEO da Hertz, Kathryn V. Marinello, abriu mão de 100% de seu salário, enquanto outros diretores e gerentes aceitaram um corte substancial em seus ganhos.
A Hertz opera também as locadoras Dollar e Thrifty e, entre lojas próprias e franqueadas, conta com mais de 10 mil unidades ativas na América do Norte, Oriente Médio, África, Europa, América Latina, Ásia, Austrália e Nova Zelândia.
No Brasil, a Localiza comprou as operações da Hertz em dezembro de 2016, em um negócio avaliado em R$ 337 milhões. Hoje, a companhia mineira é avaliada em R$ 27,1 bilhões (aproximadamente US$ 5 bilhões, mais de oito vezes do que a Hertz).
Mesmo com todas as dificuldades impostas pela luta contra o novo coronavírus, a Hertz ofereceu, em 25 de março, acesso gratuito aos seus serviços por parte de profissionais da saúde ligados ao combate da Covid-19.
Médicos, enfermeiros e demais pessoas envolvidas na luta contra o novo coronavírus podem contar, até 30 de abril, com a frota da companhia para ir e voltar do trabalho.
Frente a situação sem precedentes, Marinello disse em nota divulgada pela Hertz que "os eventos estão se desenrolando rapidamente e o quadro muda diariamente. Mas a Hertz é uma empresa resiliente, com marcas e pessoas resilientes".
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