Com os Estados Unidos dando sinais de que devem entrar em recessão, os investidores estão vasculhando o mundo em busca de oportunidades.
O maior mercado de ações do mundo viu uma saída de cerca de US$ 5 bilhões em recursos nas primeiras duas semanas do ano, segundo levantamento do Goldman Sachs obtido pela Bloomberg.
Enquanto os dados mostram que cada vez mais investidores buscam a porta de saída dos Estados Unidos, a queda do preço do gás natural e o otimismo provocado por sinais de reabertura da economia chinesa têm ajudado a atrair recursos para Europa, China e outros mercados emergentes.
A dominância de setores mais caros na composição do S&P 500, caso de companhias de growth da área de tecnologia, também tem ajudado a afastar os investidores. Isso tem ocorrido em meio aos esforços do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de controlar a inflação dos Estados Unidos, que chegou aos maiores patamares em 40 anos no ano passado.
A surpresa é o interesse demonstrado pelos investidores com os mercados europeus, que viram um saldo positivo de recursos pela primeira vez desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há quase um ano, de acordo com o Goldman Sachs, citando dados das consultorias EPFR Global e Haver Analytics.
Segundo a equipe de analistas do banco americano, a perspectiva de queda dos preços das commodities de energia e sinais de que a inflação está perdendo força permitem certo otimismo, diante das oportunidades que surgiram.
O próprio Goldman Sachs tem se mostrado mais bullish em relação às ações europeias, assim como o Citi, ainda que o Velho Continente também demonstra sinais de desaceleração econômica, com alguns países flertando com recessão.
Um indicador de risco calculado pelo Goldman Sachs para o mercado europeu está em território positivo desde o começo do ano.
No Brasil, o fluxo de estrangeiros está positivo desde o ano passado. Em 2023, até o dia 13 de janeiro, a B3 apurou um saldo positivo de R$ 2,98 bilhões em recursos vindos do exterior. A Bolsa brasileira fechou 2022 com uma entrada de R$ 119,8 bilhões.
Alguns fatores tem beneficiado a atração de recursos ao País. Um deles é a distância física dos principais conflitos geopolíticos. Outro ponto é o fato de o ciclo de aperto monetário estar próximo do fim, diferentemente das economias avançadas.
O mercado brasileiro também registra valuations historicamente baixos, com destaque para as companhias de commodities, que tem muito peso na B3 e devem se beneficiar por uma reabertura da economia chinesa.
Por conta das rigorosas restrições adotadas para combater a disseminação da Covid-19, o PIB da China cresceu 3% em 2022, abaixo da meta estabelecida por Pequim, de 5,5%. O resultado tem elevado as pressões para que o governo adote mais estímulos em 2023.