Em agosto deste ano, a ISA captou um aporte série A de R$ 60 milhões. Entre outros nomes, o cheque trouxe as assiNaturas das gestoras Vox Capital e FIR Capital, e do Kortex, corporate venture capital do Fleury, Sabin e Bradesco Saúde.

Três meses depois, a healthtech de serviços de saúde a domicílio está ampliando esse pacote, ao anunciar uma extensão da rodada, no valor de R$ 30 milhões. Participam o fundo chileno Zentynel e investidores que já integravam o captable da startup, além de novos fundos brasileiros, cujos nomes não foram revelados.

A nova injeção de capital vem acompanhada de mais um movimento. Em sua primeira aquisição, a ISA está divulgando um acordo para a compra da Saúde C, startup fundada em 2020, em São Paulo, especializada em serviços de atendimento personalizado em saúde a domicílio.

“Nós já vínhamos namorando com a Saúde C, pois identificamos que tínhamos muitas sinergias”, diz Fernando Pares, cofundador e CEO da ISA, ao NeoFeed. “E quando surgiu a oportunidade desse capital adicional, decidimos juntar essas duas conversas e trazê-los para dentro da nossa operação.”

Os termos financeiros da transação não foram divulgados. Com o acordo, que também envolveu troca de ações, Alberto Ciccone, fundador da Saúde C, passa a integrar o quadro de sócios da ISA, além de assumir o comando da área comercial da healthtech. Os 40 funcionários da operação também serão incorporados.

“Nós já credenciávamos a ISA em algumas localidades e eles também já usavam nossos serviços quando necessário”, afirma Ciccone. “Há muitas oportunidades de vendas cruzadas nos dois portfólios e um alinhamento na ideia de cobrir, basicamente, tudo o que um hospital pode ofertar na casa da pessoa.”

Com essa proposta de levar a saúde até os pacientes, Pares e seu irmão David criaram a ISA em 2017, dois anos depois de venderem a AvalDoc, de prontuários eletrônicos na nuvem. A ligação com o setor já vinha, porém, do berço. O pai da dupla fundou a Lego, rede de laboratórios comprada em 2008 pelo Fleury.

Esse DNA inspirou e ajudou a formatar o modelo da ISA, que nasceu com a oferta de exames e vacinas a domicílio. As coletas e aplicações são feitas por uma base de cerca de 400 profissionais de saúde autônomos, que são treinados e seguem os protocolos da healthtech, que também cede todo os materiais e insumos necessários.

O formato conta ainda com profissionais, chamados de “biocondutores”, que recolhem e levam os materiais para um laboratório próprio da ISA em São Paulo. Em outras localidades – o serviço da startup está disponível em sete estados, os exames são processados em laboratórios parceiros.

“O nosso modelo é asset light, pois entendemos que os grandes custos da saúde estão atrelados a linhas que não estão diretamente ligadas ao setor, como hotelaria e real estate”, explica Pare. “Com isso, nosso serviço chega a ser até 50% mais barato que um laboratório ou um hospital tradicional.”

Cerca de 80% da receita da ISA vem do B2B, a partir de parcerias com empresas como SulAmérica, Bradesco, Amil e Sami. Desde a sua fundação, a startup já atendeu mais de 300 mil vidas e vem investindo na oferta de exames e serviços mais complexos, por meio da ISA Care, plataforma lançada em agosto.

A aquisição da Saúde C se encaixa justamente nessa estratégia. A startup tem um modelo semelhante ao da ISA. Mas cresceu focada em serviços de home care, como monitoramento de doenças crônicas, programas de reabilitação, acompanhamento de idosos, atendimento pré-hospitalar e internação domiciliar.

“Estávamos nos primeiros passos da Isa Care e a Saúde C já tinha uma oferta pronta, com profissionais preparados e todos os protocolos criados”, diz Fernando. “Nós adiantamos de doze a dezoito meses da plataforma com a aquisição.”

Com 150 mil vidas atendidas, a Saúde C também foca no B2B e mantém acordos com empresas como MedSenior, Unimed VR e Afresp. A aquisição amplia ainda a presença da ISA para dez praças: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Bahia, Maranhão e Distrito Federal.

A partir das captações recentes e da aquisição, além de integrar a Saúde C e de explorar as oportunidades de vendas cruzadas, um dos planos da ISA é estender sua oferta a todos os estados do País em até dois anos.

A empresa já começa a trabalhar também na inclusão de novas ofertas em seu portfólio de serviços. Uma das opções no forno é um modelo de tratamento específico para crianças com autismo.

“A ideia é ter uma relação mais contínua e não ser apenas um prestador que vai até a casa do paciente uma vez por ano”, observa David Pares, cofundador e chief medical officer da ISA. “Por isso, vamos ter também mais  foco no acompanhamento de pacientes com problemas mais crônicos.”

Novas aquisições também estão no escopo, com duas teses. A primeira, a incorporação de times que tragam capacidades e qualificações adicionais à operação. E a segunda, a compra de ativos que possam acelerar a entrada em determinas regiões.

Nesse caminho, além dos serviços próprios de laboratórios tradicionais, a ISA encontrará startups que também investem nessas ofertas a domicilio. Um dos principais casos é a Beep Saúde, que foi avaliada em R$ 670 milhões em uma rodada série B, em abril de 2021.

Em novembro desse ano, a healthtech voltou a anunciar um aporte, dessa vez, de valor não revelado e liderado pela Chan Zuckerberg, empresa de responsabilidade limitada criada por Mark Zuckerberg e sua mulher Priscilla Chan.

A rodada série C teve ainda a participação de nomes como Bradesco e de investidores que já tinham injetado dinheiro na operação, como Valor Capital, David Vélez, cofundador e CEO do Nubank, e DNA Capital, fundo da família Bueno, controladora da Dasa.