Na manhã desta terça-feira, 9 de agosto, as ações do Itaú Unibanco abriram as negociações na B3 com sua cotação avançando mais de 2%. O viés de alta vem na esteira do resultado referente ao segundo trimestre de 2022, quando o banco, mais uma vez, superou suas marcas e as expectativas do mercado, dando sequência às marcas estabelecidas desde 2021.

Um dos destaques veio na última linha do balanço, com um lucro líquido de R$ 7,7 bilhões, um salto de 17,4% sobre igual período, em 2021. O montante superou não apenas as estimativas de analistas, mas também o número reportado por seus principais concorrentes.

Entre abril e junho, o Bradesco, por exemplo, divulgou um lucro líquido de R$ 7,04 bilhões, um crescimento de 11,4%. O Santander, por sua vez, reportou um lucro líquido de R$ 4,08 bilhões, o que representou uma queda de 2,1% na comparação anual.

A divulgação do resultado foi acompanhada pela revisão nas projeções de quatro linhas do balanço do Itaú para 2022. O banco projeta agora um crescimento na carteira de crédito entre 15,5% e 17,5%, contra a previsão anterior entre 9% e 12%. Em linha com o avanço esperado na carteira, no custo de crédito, a nova estimativa está entre R$ 28 bilhões e R$ 31 bilhões, ante R$ 25 bilhões e R$ 29 bilhões.

Já na margem financeira com clientes, o guidance passou de um crescimento entre 20,5% e 23,5%, para 25% e 27%. E na linha de receita de prestação de serviços e resultado de seguros, a nova estimativa aponta para uma expansão entre 7% e 9%, contra a faixa anterior de 3,5% a 6,5%.

“O novo guidance em receita de serviços e seguros é maior do que era o topo do guidance anterior”, disse Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco, em conferência com jornalistas nessa terça-feira. “Isso significa que não apenas estamos crescendo, como aumentando o engajamento e gerando muito mais cross sell e ampliando o life time value do cliente na organização.”

Entre outros números no trimestre, o retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio (ROE) do foi de 20,8%, contra 18,9%, há um ano. O Itaú alcançou um índice de eficiência de 40,8%, ante 44,5%, há um ano, representando o menor patamar da série histórica do banco.

A margem financeira cresceu 20,5%, para R$ 22,6 bilhões, enquanto a margem financeira com clientes ficou em R$ 21,9 bilhões, alta anual de 30,9%. Já a margem financeira com o mercado recuou 67,4%, para R$ 650 milhões.

Entre abril e junho, a carteira de crédito total registrou um salto de 19,3%, para R$ 1,08 trilhão. No Brasil, a carteira de pessoas físicas somou R$ 372,4 bilhões, alta de 33,1%. Já a de pequenas e médias empresas cresceu 22,8%, para R$ 162,8 bilhões, e a de grandes empresas 18,9%, para R$ 341 bilhões.

“Na carteira de pessoa física, 80% do crescimento se deu nos segmentos de mais renda do banco, o Personnalité e o Uniclass”, disse Maluhy Filho. “E nas micro, pequenas e médias empresas, mais de 70% da originação também veio das empresas com mais faturamento.”

Ele destacou também a atuação junto às grandes empresas. “O banco soube aproveitar as oportunidades e fazer operações para balanço”, afirmou. “Mas também foi bastante ativo na área de dívida e de mercado de capitais.”

Na comparação anual, o custo do crédito cresceu 60,6%, para R$ 7,5 bilhões, muito em função do salto de 61,7% na despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa. O banco fechou o trimestre com um índice de inadimplência de 2,7% na carteira de crédito, contra 2,3%, há um ano. Em pessoa física, a taxa avançou de 3,6%, no segundo trimestre de 2021, para 4,4%.

“Essa fotografia fala por si só”, afirmou Maluhy Filho, em relação às taxas de inadimplência do período. “Apesar de um cenário difícil, mais adverso, com menos poder de compra, seguindo vendo um contexto de normalização gradual da inadimplência e de crescimento da carteira.”

Apesar de destacar essa tendência, o CEO do Itaú Unibanco alertou que o cenário à frente ainda inspira cautela, em linha com o discurso que vem sendo adotado pelo banco desde o terceiro trimestre do ano passado.

Nesse contexto, ele observou que o banco vem identificando níveis de atraso mais elevados em alguns segmentos específicos, como os cartões de crédito para não correntistas, o chamado “mar aberto”, e o portfólio de financiamento de veículos.

“O banco vem ajustando a concessão de crédito nesses segmentos onde está sentindo uma deterioração importante”, ressaltou. “Mas olhando para frente, imagino que a inadimplência e os atrasos vão continuar estabilizando e não vemos esses índices superando os patamares pré-pandemia.”

Por volta das 11h20, as ações do Itaú Unibanco estavam sendo negociadas com alta de 1,47% na B3. Em 2022, os papéis acumulam uma valorização superior a 22%. O banco está avaliado em R$ 232,4 bilhões.