O futuro do marketing digital não está nos influenciadores e nas celebridades que divulgam marcas em redes sociais. Quem defende essa tese é Robson Harada, publicitário que liderou a área de marketing de gigantes como Facebook, Google Uber e Itaú e atua como CMO no Mercado Bitcoin. Ele também é cofundador da AlmaDAO, empresa que tenta desmistificar a web3 e investe em projetos com novas tecnologias.
Segundo ele, agora, a grande tendência que está pipocando em agências e departamentos de publicidade diz respeito à criação de possibilidades para que os próprios consumidores se tornem os principais canais de divulgação.
“É preciso construir uma forma de ter pessoas que advogam por aquela marca e criar um espaço onde a conexão seja mais direta”, diz o executivo ao NeoFeed.
Para Harada, que é um dos finalistas do prêmio Caboré na categoria Inovação, uma espécie de Oscar da publicidade brasileira, as marcas que desejam crescer no ambiente digital precisam explorar novas estratégias de marketing, ainda que com cautela, para não apostarem em modas passageiras. “É preciso observar as tendências”, afirma.
Na entrevista abaixo, Harada comenta sobre o uso de novas tecnologias e os desafios para lidar com a questão de dados, além de fazer uma análise sobre o atual momento do marketing digital e falar mais sobre quais serão as tendências para os próximos anos. Confira:
Qual a próxima grande tendência do marketing?
A parte de influência foi importante, mas agora é preciso trabalhar na questão que envolve as comunidades. As marcas precisam construir comunidades fortes para não ficarem apenas contratando celebridades A, B ou C. É preciso construir uma forma de ter pessoas que advogam por aquela marca e criar um espaço onde a conexão seja mais direta.
Qual o desafio nesse sentido?
A maior dificuldade está em encontrar bons community managers. São profissionais que atuam quase que como maestros dentro dessas comunidades para que elas se mantenham ativas. Precisa ter jogo de cintura e boa comunicação. Há uma escassez no mercado.
Como saber onde apostar nos ambientes digitais?
Eu tento ser muito lúcido de não julgar uma estratégia ou outra. Minha tendência, no entanto, é esperar um pouco para ver o que realmente vai acontecer. Quando o TikTok chegou, eu não quis ser o responsável por ter a primeira marca naquela plataforma, só fiz isso quando vi que estava num caminho virtuoso. É preciso analisar uma tendência macro.
O Clubhouse é um exemplo de algo que não decolou?
Quando o Clubhouse chegou, houve uma pressão para que as marcas entrassem logo nessa nova plataforma. Eu comecei a usar de forma pessoal, achei interessante, mas não acreditei que ele poderia ter uma força grande. Algumas semanas depois, quando o interesse caiu, a gente percebeu que economizou tempo e recursos ao não apostar de cara.
E o Koo, vai pegar?
Não tem como dizer se vai ou não. É preciso observar as tendências. Eu prefiro esperar para entrar depois. É preciso ter menos julgamento e mais observação para ver se aquilo faz ou não sentido para cada marca.
Em qual ponto as empresas têm prestado maior atenção nos últimos tempos?Privacidade de dados vem sendo algo muito importante. É preciso ser muito responsável com a informação e os dados. É preciso investir em ferramentas e plataformas que permitam que o trabalho seja feito de forma responsável.
Qual sua projeção para este mercado em 2023?
Eu não acredito que vamos ter um desaquecimento nos investimentos em publicidade. É um investimento que dificilmente retroage. O foco deve ser em tecnologias que vão otimizar o trabalho de marketing, trazendo um olhar maior para o uso de dados, compliance e customer experience.
Em relação às novas tecnologias, como blockchain e web3, o setor de criptoativos vive um momento delicado...
O mercado está delicado, mas eu acredito muito nas tecnologias de blockchain. É na web3 como um todo. O momento é de calma e parcimônia. É preciso construir os alicerces e colher os frutos, principalmente dessas novas tecnologias, lá na frente.