Quando o Magazine Luiza comprou a Netshoes, por R$ 440 milhões, em junho, muitos se perguntaram por que motivo uma operação tão azeitada queria levar para dentro de casa uma varejista online cheia de dívidas e de problemas?
A reposta passava pelo custo de oportunidade. Nas contas do Magazine Luiza, era mais barato pagar pela Netshoes para entrar na categoria de artigos esportivos do que começar uma operação do zero.
Mas não pense que o Magazine Luiza tem pressa para integrar a operação da Netshoes. Isso ficou bastante claro durante a teleconferência com analistas, nesta terça-feira, 13 de agosto, para comentar os resultados do segundo trimestre de 2019.
“O plano de integração vai ser planejado no segundo semestre”, disse Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza. “Não seria prudente fazer um processo mais acelerado.”
Ter cautela não significa que nada foi feito. A primeira etapa foi selecionar as pessoas consideradas chaves na operação. Neste desenho, Marcio Kumruian, fundador da Netshoes, permaneceu na companhia.
O próximo passo foi garantir a operação, que estava atolada em dívidas. O Magazine Luiza, então, pagou R$ 200 millhões para quitar as dívidas bancárias da Netshoes.
Do lado operacional, o catálogo de produtos da Netshoes já está integrado ao site e ao aplicativo do Magazine Luiza. “A confiança voltou rapidamente”, afirmou Kumruian.
Na teleconferência com analistas, Kumruian disse que já trabalha com foco em quatro áreas: operações, tecnologia, backoffice e negócios. “E, obviamente, em um superplanejamento para 2020, quando os dois times focarão na integração mais firme.”
Trajano declarou que muita coisa da Netshoes será aproveitada no Magazine Luiza. Ele citou que, em algumas cidades, o custo da última milha do site de artigos esportivos é melhor do que o do Magalu.
“O trabalho de automação dos centros de distribuição da Netshoes está também mais avançado”, disse Trajano. “Mas não ter pressa na integração é chave”, repetiu ele o mantra, durante toda a apresentação.
Crescimento chinês
As ações do Magazine Luiza subiam 3,90% por volta das 13h30 na B3, umas das maiores altas do índice Bovespa, nesta terça-feira, por conta do desempenho no segundo trimestre.
O número de clientes ativos chegou a 22,3 milhões, uma alta de 53% em comparação ao segundo trimestre de 2018. As vendas do marketplace saltaram 289%, movimentando R$ 583 milhões – ele já representa 24% da receita do comércio eletrônico. Atualmente, são 8,1 mil vendedores no ambiente do Magazine Luiza.
"Estamos focando nosso marketplace para entrega de um crescimento chinês em comércio eletrônico", disse Trajano
As vendas totais atingiram R$ 5,7 bilhões no trimestre, alta de 54%. O lucro líquido foi de R$ 386,6 milhões, uma expansão de 174,7%. "Estamos focando nosso marketplace para entrega de um crescimento chinês em comércio eletrônico", disse Trajano.
Os analistas gostaram do resultado do Magazine Luiza. “O aumento de 53% nos clientes ativos da empresa para 22,3 milhões, incluindo a base de clientes do site Netshoes, reforça nossa visão positiva da capacidade do Magazine Luiza de ser um vencedor de longo prazo no mercado de comércio eletrônico do Brasil”, escreve Richard Cathcart, analista do Bradesco BBI.
Os analistas da BTG Pactual, Luiz Guanais e Gabriel Savi, destacaram os resultados fortes reportados pelo Magazine Luiza e observaram que o segmento de varejo online deve triplicar suas vendas até 2025.
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