No mais dramático lance desde que o mercado de venture capital começou a secar, a fintech sueca Klarna, que atua no segmento de "buy now, pay later", está levando um tombo de US$ 46 bilhões para US$ 6,5 bilhões em seu valor de mercado, segundo o Financial Times (FT).
O novo valuation acontece em uma rodada que está sendo finalizada, na qual a Klarna está levantando US$ 600 milhões junto a Sequoia Capital e ao Mudabala, de Abu Dhabi.
O novo aporte marca um down round expressivo para a companhia que era, antes dessa rodada, a startup mais valiosa da Europa, segundo ranking da consultoria americana CB Insights.
Esse é mais um revés da Klarna, que cortou 10% de sua força de trabalho composta por 7 mil funcionários no fim de maio. As demissões foram atribuídas a “um ano tumultuado” pelo seu fundador e CEO Sebastian Siemiatkowski.
O empresário relacionou as demissões a fatores como a guerra na Ucrânia, a mudança na confiança do consumidor, a pressão inflacionária, o mercado de ações volátil e “uma provável recessão”.
Fundada em 2005, a Klarna aposta no conceito de buy now, pay later – algo semelhante ao bom e velho crediário –, no qual os clientes podem comprar produtos e dividir os pagamentos em prestações. Recentemente, a Apple decidiu entrar no jogo e lançou seu próprio serviço para dividir pagamentos em prestações.
A fintech sueca está longe de ser a única empresa a enfrentar o momento delicado do mercado. Outra fintech europeia, a SumUp, captou € 590 milhões em junho. A expectativa era conseguir uma avaliação de € 20 bilhões. Mas o valuation ficou em € 8 bilhões.
A redução do valor de mercado da Klarna traz comparações com o WeWork, ao menos, em relação ao tombo. Para lembrar: a companhia de escritórios compartilhados valia US$ 47 bilhões e queria abrir o capital buscando um valuation de US$ 100 bilhões em 2019.
Mas deu tudo errado. O IPO implodiu na esteira da desconfiança dos investidores com o valor da empresa e à práticas de governanças corporativas heterodoxas de seu fundador, Adam Neumann.
Por conta disso, o Softbank, que era o principal investidor da empresa, teve de resgatar o WeWork. E seu valor despencou de US$ 47 bilhões para US$ 8 bilhões. A companhia conseguiu abrir seu capital em 2021 via um SPAC e vale, atualmente, US$ 3,9 bilhões.