Conhecidos também como robôs virtuais, os chatbots estão ganhando cada vez mais espaço nas interações digitais entre as empresas e seus clientes. E já executam desde tarefas simples, como tirar dúvidas dos consumidores, até funções mais sofisticadas, como indicar um produto de acordo com o perfil daquele determinado internauta.

Agora, uma startup brasileira quer levar esse diálogo a um novo patamar: o mundo offline. Fundada em 2017, a Pluginbot desenvolveu uma plataforma de inteligência artificial para gerenciar e “treinar” robôs físicos, para que eles sejam capazes de automatizar rotinas e fazer as vezes de atendentes e de outras funções em diferentes segmentos da economia.

“Queremos democratizar o acesso a essa tecnologia e ser uma espécie de Windows dos robôs”, afirma Melina Yasuda, CEO da Pluginbot, em uma referência ao sistema operacional da Microsoft, usado em boa parte dos PCs e notebooks.

No caso da Pluginbot, o software em questão é embarcado em robôs da chinesa Ubtech, startup que já recebeu cerca de US$ 1 bilhão de investimentos de empresas como a Tencent e da Aldebaran Robotics, empresa do portfólio do Softbank, entre outras parceiras.

“A plataforma permite criar bases de conhecimento de acordo com a demanda de cada empresa”, diz Melina. “E oferecer inteligência ao robô para que ele execute, por exemplo, tarefas de concierge e de atendimento ao cliente.”

Vai decolar?

A mais recente aplicação desse conceito começa a ganhar corpo nesta terça-feira, 22 de outubro, por meio de um projeto desenvolvido para a companhia aérea Gol.

Robô Gal, da Gol

Trata-se da Gal, robô com cerca de 1,40 metro de altura que irá interagir com os clientes da companhia aérea no saguão do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP).

Inicialmente, o robô foi treinado para ser capaz de realizar 55 interações. O escopo inclui desde informações sobre como antecipar um voo ou trocar de assento até a condução do passageiro até a loja ou a área de check-in da companhia.

A partir do projeto-piloto, a ideia é identificar outras demandas e acelerar o aprendizado da máquina. Com a validação do conceito, o plano é escalar a tecnologia para outros aeroportos do País a partir de 2020. A segunda fase da iniciativa prevê ainda a conexão do robô com os sistemas e aplicações da Gol.

“O potencial que nós vislumbramos é maior. Queremos chegar ao ponto que ela possa ser transacional, emitindo passagens, fazendo remarcações”, diz Paulo Kakinoff, CEO da Gol, ao NeoFeed. “É o início de um processo evolutivo para consolidar um canal completo de atendimento físico nos aeroportos.”

A plataforma da Pluginbot já está sendo testada por empresas de outros setores, como hotéis, hospitais, varejo, finanças e controle de acesso a prédios.

Além da Gol, a plataforma da Pluginbot já está sendo aplicada em provas de conceito por empresas de outros setores, especialmente em segmentos como hotéis, hospitais, varejo, finanças e controle de acesso a prédios.

Parte do portfólio da Wayra, aceleradora da Telefônica Vivo, a startup já realizou, por exemplo, um projeto-piloto na loja inaugurada no fim de 2018 pela operadora no Shopping Morumbi, em São Paulo.

O robô em questão respondia a perguntas dos clientes sobre modelos de smartphones e tinha serviços digitais embarcados, como o Vivo Play e o Tidal, para a degustação dos consumidores.

A Accor também desenvolveu um projeto com um robô concierge batizado de Phil Welcome, que foi testado no Hotel Pullman, na Vila Olímpia, em São Paulo.

Outras iniciativas em andamento envolvem dois grandes bancos brasileiros, uma incorporadora, um hospital, uma faculdade de Medicina, um centro de eventos e uma empresa de mineração.

A Pluginbot também está investindo em mais frentes. “Queremos abrir outras fontes, justamente pelo fato de os robôs ainda estarem na fase de provas de conceito”, diz Melina. Um exemplo é um projeto em curso em um hotel no Uruguai.

Nesse caso, a tecnologia reúne as interações físicas dos robôs com câmeras equipadas com softwares analíticos, que coletam dados como a quantidade de pessoas que entram no estabelecimento e o tempo gasto pelos clientes no check-in.

“Essas informações são cruzadas com dados de outras fontes digitais do próprio hotel para entender o comportamento dos clientes e criar modelos preditivos”, afirma Melina. “Esse tipo de aplicação pode ser levado para qualquer setor.”

Expansão

Antes da Pluginbot, Melina teve uma passagem de seis anos como diretora de tecnologia da Prosegur, empresa que havia adquirido a companhia de segurança eletrônica de sua família. Decidida a empreender, ela pediu demissão e, meses depois, conheceu Álvaro Manzione, com quem fundou a startup.

Nos dois primeiros anos de atuação, a empresa decidiu cumprir sua jornada apenas com recursos próprios. “Somos uma empresa de dono, enxuta, que conta centavos e, com isso, estamos perto do break even”, afirma Melina.

A empreendedora diz que tem perspectivas de levar a plataforma para Portugal e América Latina. "Vamos buscar investimentos para essa expansão internacional”, diz Melina.  “Nós escolhemos errar com o nosso dinheiro, mas agora entendemos que o produto está pronto e validado.”

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