A Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, está realizando uma das maiores reestruturações empresariais do Brasil, desde que Michael Klein, filho do fundador da Casas Bahia, retornou à empresa.

Até agora, o mercado comprou a história e, mesmo com prejuízos, deu crédito aos administradores da empresa, sob o comando de Roberto Fulcherberguer, acreditando que, no fim do arco íris, haveria um pote de ouro.

Um indício disso era a evolução das ações da Via Varejo. Neste ano, os papéis subiram 135,8%. Desde 4 de novembro, acumulam alta de 36,8%.

Mas, pouco antes de o mercado fechar, um fato relevante pode tornar o caminho da recuperação da Via Varejo mais complicado.

A companhia informou ao mercado os resultados de investigação interna que conduziu após receber denúncias anônimas sobre supostas fraudes contábeis. E as notícias não foram boas.

As ações que estavam cotadas a mais de R$ 11, com uma alta de mais de 8%, desabaram após um fato relevante e fecharam a R$ 10, um queda de 3,10%.

O comitê independente contratado pela empresa viu indícios de fraude contábil estimada entre R$ 1,05 e R$ 1,2 bilhão.

Segundo o fato relevante, os ajustes devem impactar o balanço do quarto trimestre de 2019 entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,4 bilhão.

O patrimônio líquido da Via Varejo deve também ser impactado entre R$ 800 milhões e R$ 940 milhões por conta das fraudes fiscais. Mas a empresa afirmou que eles não deverão causar impactos adversos e relevantes ao fluxo de caixa da companhia.

Os indícios de fraude, segundo o fato relevante, estão relacionados com a manipulação de provisões trabalhistas e com diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos.

Isso quer dizer que provavelmente os lucros em períodos passados foram manipulados para representar um desempenho financeiro melhor do que a empresa conseguiu alcançar por meio de suas atividades normais.

"No final das contas, dividendos e bônus podem ter sido pagos com base em resultados capciosos", escreveu Felipe Pontes, diretor-geral do TC School, em uma análise no TradersClub. "A grande questão que fica é: o esquema deve ter sido muito bem articulado para ter passado despercebido pela auditoria independente, a auditoria interna, conselho fiscal e o comitê de auditoria."

O fato relevante da Via Varejo não trouxe apenas más notícias. A investigação encontrou créditos fiscais da ordem de R$ 600 milhões referentes a PIS/Cofins e ICMS.

Quando divulgou seu resultado do terceiro trimestre, com prejuízos quatro vezes maiores que o mesmo período do ano passado, o mercado entendeu que aquilo não refletia o passado e viu sinais positivos no projeto de reestruturação.

Em um relatório, o banco de investimentos Credit Suisse disse “esqueça e perdoe”. Amanhã, o mercado dirá se, de fato, esqueceu e perdoou.

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