Quando a família Klein vendeu a Casas Bahia para o grupo Pão de Açúcar, em 2009, a rede varejista reinava absoluta no mercado brasileiro.

A união da Casas Bahia com o Ponto Frio deu origem a Via Varejo e criou um colosso no setor de eletrônicos. Na época, não era possível imaginar que empresa poderia concorrer com o novo grupo.

No negócio, Michael Klein ficou como minoritário e pouco a pouco foi deixando o dia-a-dia operacional da companhia, concentrando seus esforços no Conselho de Administração.

Quase dez anos depois do negócio, a família Klein pode voltar ao operacional da empresa em uma oferta que conta com o apoio de dez fundos do mercado. O grupo Pão de Açúcar concordou em vender sua fatia de 36,27% pelo preço mínimo de R$ 4,75 em um leilão das ações na B3.

O negócio, se concretizado pelo preço mínimo, seria fechado por R$ 2,23 bilhões. Com isso, Klein, que já detém 25,43%, voltaria a controlar a Via Varejo – e indiretamente a Casas Bahia, fundada por seu pai Samuel Klein.

Ao voltar ao comando da empresa, Klein, no entanto, vai enfrentar um cenário competitivo bem diferente daquele de dez anos atrás.

As operações online ganharam força e a concorrência ficou não só maior como também muito mais eficiente. “Vai ser um grande desafio”, diz uma fonte do setor de varejo. “Ele nadava de braçada há dez anos, mas o cenário mudou bastante neste período.”

Para se ter uma ideia, o Magazine Luiza era uma pequena operação varejista em 2009. Hoje, seu valor de mercado é mais de seis vezes superior ao da Via Varejo.

Em números, a empresa comandada por Frederico Trajano vale R$ 38,9 bilhões. A Via Varejo, que volta para as mãos de Klein, R$ 6,2 bilhões.

Essa diferença de valor explica-se pelo fato de o Magazine Luiza ter conseguido fazer a transição para o mundo digital, posicionando-se como uma das empresas mais fortes dessa área.

Soma-se a isso, o fato a Amazon começar a dar mais atenção ao mercado brasileiro, passando atuar em diversos setores de forma direta, entre eles o eletroeletrônicos. Mercado Livre e B2W – dona do Submarino e da Americanas.com – também fortaleceram seus marketplaces.

A Via Varejo, por sua vez, não avançou tanto nessa área e ainda padeceu dos problemas financeiros de seu controlador, o grupo francês Casino, que nunca deu muito atenção ao negócio.

Em maio deste ano, a holding Rallye, que controla o Casino, pediu proteção contra credores, medida semelhante a recuperação judicial, para tentar montar um plano de restruturação de suas dívidas de 2,9 bilhões de euros.

Segundo apurou o NeoFeed, a venda da Via Varejo, que buscava um comprador há pelo menos dois anos, foi acelerada desde então. O preço mínimo que Klein ofertou ao GPA é considerado por alguns uma pechincha.

“O Pão de Açúcar já sofre os impactos do Casino e precisava se desfazer rápido do problema Via Varejo”, diz a mesma fonte de setor de varejo.

As ações da Via Varejo fecharam cotadas a R$ 5 na B3 ontem. Às 10h20 desta quarta-feira 12, elas caiam 1,4%, avaliada em 4,93.

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