Desde os primeiros meses da pandemia, a ausência de investimentos de Warren Buffett e de sua gestora Berkshire Hathaway vinha chamando atenção no mercado. Recursos para gastar não faltavam. A companhia encerrou o segundo trimestre deste ano com US$ 146,6 bilhões em caixa, contra US$ 137,3 bilhões no fim de março.
Pouco a pouco, porém, o bilionário americano de 90 anos mostra que ainda está em forma. Foi o que aconteceu nesta quinta-feira, 24 de setembro, quando o grupo americano EW Scripps anunciou a compra da rede de TV a cabo ION Media, por US$ 2,65 bilhões.
Parte da transação será financiada pelo investimento de US$ 600 milhões da Berkshire Hathaway na compra de ações preferenciais da Scripps. A gestora também receberá uma garantia para adquirir até 23,1 milhões de ações Classe A da empresa, a um preço de US$ 13 por papel. Os US$ 1,85 bilhão restantes do acordo serão financiados por dívidas.
Sediada em West Palm Beach, na Flórida e com uma receita de US$ 587 milhões em 2019, a ION Media possui uma rede com 62 emissoras, que alcança mais de 100 milhões de lares americanos. Já a Scripps é dona de 60 canais locais e está avaliada em mais de US$ 970 milhões. Com o negócio, a expectativa é capturar sinergias de até US$ 500 milhões nos próximos seis anos.
Projeções à parte, esse foi o sinal mais recente de que o megainvestidor americano parece disposto a voltar a movimentar o mercado. A injeção de recursos na transação anunciada hoje se soma a outros aportes realizados pela Berkshire Hathaway, a partir de 6 de julho.
A partir daquela data, Buffett e sua gestora voltaram às compras com os US$ 9,7 bilhões destinados à aquisição dos ativos de transporte e armazenamento de gás natural da americana Dominion Energy. Na sequência, ele começou a ampliar sua participação no Bank of America.
Em agosto, foi a vez da gestora investir cerca de US$ 6 bilhões para adquirir fatias de 5% em cinco empresas japonesas: Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo, Itochu e Marubeni. Na época, Buffett acrescentou que poderia aumentar sua participação em qualquer uma dessas operações para até 9,9%.
Na semana passada, o bilionário americano investiu US$ 250 milhões na empresa de gestão de dados na nuvem Snowflake, logo após a companhia abrir capital na Nasdaq e levantar US$ 3,3 bilhões. O IPO foi a maior operação do ano nos Estados Unidos e o maior da história de uma companhia de software.
Todos esses movimentos estabelecem um contraste com a postura adotada nos primeiros meses da crise quando, além da falta de investimentos, a Berkshire Hathaway vendeu todas as suas participações em companhias aéreas, além de reduzir sua fatia em empresas como o Goldman Sachs.
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