A Covid-19 vem testando a resiliência de todos os setores da economia. Mas, para um segmento, esse desafio tem contornos ainda mais dramáticos. Com pouco caixa, as pequenas e médias empresas têm encontrado dificuldade para acessar pacotes do governo e as fontes de crédito no mercado.
Segundo o Sebrae, desde o início da pandemia, 60% desses negócios tiveram empréstimos negados. Com o crédito escasso, essas companhias veem sua sobrevivência em xeque. Mas, diante desse dilema, há quem aponte um caminho alternativo para socorrer essas operações.
Para Fernando Ribeiro, CEO da Kobold, que uniu tecnologia e inovação para se reinventar, deixando de ser uma gestora de crédito e passando a ser uma empresa de infraestrutura, que nasce para impulsionar uma nova geração de negócios de crédito corporativo, esse roteiro passa pelo elo mais forte das cadeias nas quais essas PMEs estão inseridas: as grandes empresas.
“Cada empresa pode construir uma solução de preservação da sua cadeia”, diz Ribeiro. “E, com isso, teríamos uma série de hospitais de campanha para fazer o crédito escoar com fluidez, durante e depois da crise.”
Há 25 anos no mercado de crédito, a Kobold desenvolveu um modelo capaz de colocar essa abordagem em operação, calcada na stakeholder economy. Ela envolve a criação de FIDCs específicos para cada grande empresa que, por meio desses veículos, e com sua capilaridade, consegue oferecer crédito a toda sua base de parceiros e fornecedores.
A Kobold fornece toda a infraestrutura para essas iniciativas, transformando a grande empresa em um “banco”, com o objetivo de beneficiar toda a sua cadeia ao redor. Essa solução chegou ao mercado no início do ano e já vem sendo testada com algumas multinacionais.
Mitigação de riscos
Seu arsenal de algoritmos para a análise de risco de crédito foi encorpado com aplicações que cobriam boa parte da operação dos FIDCs. E a Kobold decidiu oferecer o que tinha dentro de casa a todo mercado, no formato de white label, em um movimento similar à Amazon, com a Amazon Web Services (AWS).
A plataforma é uma espécie de AWS do crédito e permite que grandes empresas construam uma operação robusta, apoiada por FIDCs. Sem que, para isso, tenham que investir em seus backoffices e em tecnologia. Tudo isso, com implementação imediata e remuneração 100% baseada no sucesso da operação.
O trunfo da Kobold é a união do pedigree do seu motor de crédito com tecnologia. Ela usa a informação como mitigadora de risco. A tecnologia da Kobold consegue entrar na estrutura operacional das grandes companhias e compreender quando o serviço foi feito, a mercadoria foi entregue, dando agilidade e fluidez na antecipação de recursos.
“Nós não sabemos medir o alcance de uma crise como essa, mas temos como saber, por uma série de critérios, que uma grande empresa ainda estará de pé daqui a seis meses. Se essa companhia consegue proteger os pequenos e médios ao redor dela, você consegue manter inúmeros negócios existentes, mesmo que menores. Você consegue poupar muitos empregos e manter uma cadeia de fornecedores mais saudável”, explica Ribeiro.
O formato de funding varia de acordo com as necessidades do parceiro, que pode ou não precisar de um fundo exclusivo. Esses fundos poderiam ter até a participação do poder público de uma maneira mais segura e eficiente para o acesso rápido a crédito dos pequenos e médios, a um custo muito mais baixo que o dos bancos.
A criação desse FIDC beneficia as duas pontas. A infraestrutura permite praticar taxas, em média, de 0,8%, ante uma faixa de até 2,5% no mercado.
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