A temperatura da guerra comercial entre Estados Unidos e China está aumentando rapidamente. No posicionamento mais contundente desde que o presidente Donald Trump anunciou uma taxação adicional de 10% sobre a importação dos produtos chineses, que entrou em vigor na terça-feira, 4 de março, o governo de Xi Jinping afirmou que “está pronto para qualquer guerra”.
Em uma declaração na rede social X, a embaixada da China em Washington foi direta ao mostrar as armas para um possível aumento na escalada da tensão entre os países. E o que pode não ser apenas no campo econômico. “Se guerra é o que os Estados Unidos querem, seja tarifária, comercial ou qualquer outra, estamos prontos para lutar até o fim”.
Até então, os produtos importados da China já sofriam uma cobrança de 10% nos Estados Unidos. A medida dobrou o custo de importação. O principal argumento usado por Trump para aumentar a cobrança sobre os itens produzidos na China é, segundo ele, a falta de ações do governo em impedir a entrada do opioide fentanil em território norte-americano.
A China rebate as acusações, e alega que tem uma das políticas públicas de ações antidrogas mais rígidas do mundo. “A questão do fentanil é uma desculpa esfarrapada para aumentar as tarifas dos Estados Unidos sobre as importações chinesas”, afirmou o governo.
No comunicado no X, o Ministério das Relações Exteriores deixou claro que o país asiático não aceitará as afirmações de Trump. “Intimidação não nos assusta. Bullying não funciona conosco. Pressão, coerção ou ameaças não são a maneira certa de lidar com a China”.
No mesmo dia em que as novas tarifas passaram a vigorar nos Estados Unidos, a China anunciou aumentos que vão de 10% a 15% nas taxas de importação de produtos norte-americanos.
A alíquota de 10% será aplicada sobre petróleo, máquinas agrícolas, caminhonetes e carros de luxo. A cobrança de 15% virá em carvão e gás natural liquefeito (GLP). As medidas entram em vigor na segunda-feira, 10 de março.
A expectativa, no entanto, é de que o impacto sobre a balança comercial norte-americana, neste primeiro momento, seja pequeno. Os Estados Unidos são os maiores exportadores de GLP do mundo, mas apenas 2,3% são direcionados à China. No volume de carros importados, as maiores importações vêm da Europa e do Japão.
Produtos agrícolas também entraram na guerra: sorgo, soja, carne suína e bovina, frutas, vegetais e laticínios vindos dos Estados Unidos terão cobrança extra de 10%. Para frango, trigo, milho e algodão, o aumento é de 15%.
“As medidas de tarifas unilaterais violam seriamente as regras da Organização Mundial do Comércio e minam a base para a cooperação econômica e comercial entre a China e os Estados Unidos”, disse o Ministério do Comércio chinês, em um comunicado na quarta-feira, dia 5, logo após o início da aplicação da nova tarifa.
Ao mesmo tempo, a China anunciou que aumentará em 7,2% seus investimentos no setor de defesa. O índice é superior à expectativa de crescimento econômico no país, que deverá ficar em torno de 5%. Desde que assumiu o poder, em 2013, Jinping aumentou o orçamento para ações de defesa em 2,5 vezes.
Quando anunciou o aumento das taxas de importação, Trump chegou a dar um prazo para que entrasse em vigor, o que foi visto como uma abertura para uma possível negociação entre os dois países, o que acabou não acontecendo.
Ainda que a tensão suba, China e Estados Unidos têm relações comerciais intensas. Nos 11 primeiros meses de 2024, as importações chinesas para o território norte-americano alcançaram US$ 401 bilhões. Do outro lado, os itens dos Estados Unidos que entraram na China geraram US$ 131 bilhões.
Também na terça-feira, 4, entraram em vigor as cobranças de tarifas de 25% sobre importações de produtos do México e Canadá.