O volume recorde de recompra de ações, como visto no mercado em 2024, ficou para trás. Nos primeiros sete meses de 2025, o cenário é de desaceleração. Segundo dados compilados pelo Itaú BBA, o total executado com essas operações foi de R$ 10,5 bilhões neste ano, contra R$ 16,6 bilhões no mesmo período de 2024, o que representa uma redução de 36,7%.

E o ritmo vem caindo. Em julho, as empresas recompraram R$ 700 milhões de seus próprios papéis, uma queda de 46,2% sobre o volume de R$ 1,3 bilhão registrado em junho. Também representa metade do que foi recomprado em março deste ano, por exemplo. Em 2025, as aberturas de programas de recompra somaram R$ 23,5 bilhões, contra R$ 54,1 bilhões na mesma base de 2024, ou seja, uma redução de 56,6%.

Fontes do mercado financeiro ouvidas pelo NeoFeed identificam que esse movimento está associado ao fato de o índice small caps ter valorizado mais de 26% até julho, segundo dados da Bloomberg. Nesse período, o Ibovespa subiu 17%, e o índice de dividendos, 16%. Com isso, o volume de recompra caiu.

Segundo o banco, o número de programas abertos em 2024 foi o maior da história, com 126, volume recorde dos últimos 20 anos. Em volume financeiro, o ano passado foi o segundo maior ano do período, ficando atrás apenas de 2022.

Há três anos, a Vale iniciou a recompra de 5 milhões de ações, com volume-alvo de R$ 42 bilhões, correspondendo a 10% das ações da companhia em circulação na época. Esse programa, sozinho, respondeu por 45,4% do volume total de recompras em 2022.

Em 2025, foram abertos 48 programas até agora, que somam R$ 75,8 bilhões, dos quais R$ 53,4 bilhões iniciados nos últimos 12 meses. Na prática, ainda restam R$ 61,7 bilhões a serem executados nos programas vigentes.

Os programas abertos estão distribuídos em 106 empresas. Desde o dia 16 de julho, com base no relatório anterior produzidos pelos analistas do Itaú BBA, cinco novos programas foram iniciados, com um volume de R$ 3,5 bilhões.

As empresas que abriram foram Cury Construtora, Metisa Metlúrgica Timboense, Construtora Tenda, JBS e Bemobi. “Atualmente, observamos um yield médio de recompra de 1,2% para as empresas do IBOV”, diz o documento assinado por Daniel Gewehr, Matheus Marques, Victor Cunha e Raphael Matutani.

Do cenário atual, os programas atualmente abertos têm como principais setores o financeiro (23%) e empresas de serviços públicos (22%). Por yield, tendo como base volume-alvo e valor de mercado, o setor de energia aparece com 8,4% e as companhias de serviços públicos, 5,5%. Do volume que ainda falta ser recomprado, US$ 16,6 bilhões estão ligados a companhias do setor financeiro e US$ 15,9 bilhões para utilities.

As cinco empresas que mais executaram recompras em julho, como percentual do free float, foram Tecnisa, Vivo, Azzas 2154, Movida e JHSF. Do total disponibilizado, as companhias que apresentam buyback yield superior a 4% são a B3, Copel, Direcional Engenharia, Prio e Vibra.

O cenário apresentado no início do segundo semestre de 2025 contrasta com o apetite das companhias em recomprar suas próprias ações, pelo menos até março deste ano. O Citi chegou a projetar um volume de crescimento de 10% no volume de recompra, na hipótese de o cenário de queda das ações ter se mantido, o que não aconteceu.

Em fevereiro, a empresa de telefonia TIM anunciou um programa de R$ 1 bilhão, dias após a Vale ter informado que faria a recompra equivalente a R$ 7 bilhões em ações. A Renner também apresentou seu programa de R$ 1 bilhão.

O movimento se somou ao volume de fechamento de capital na Bolsa, que entre 2018 e 2024 alcançou a marca de 39 ofertas públicas de aquisição de ações (OPA). Em 2023, foram 13, e no ano anterior, nove OPAs.