A guerra entre o Hamas e Israel entrou na quarta semana na segunda-feira, 30 de outubro. Esse extenso período de conflito é um alerta para a economia global e a geopolítica, segundo o economista Mohamed El-Erian, conselheiro chefe de economia da Allianz.
Para o ex-CEO da Pimco, uma das principais gestoras do mundo, com US$ 1,7 trilhão em ativos sob gestão, o risco aumenta quanto mais duradouro for o conflito. Para El-Erian, há chance de o conflito se estender para os mercado financeiros.
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“Quanto maior o risco de escalada, maior é o risco de contágio para o restante do mundo em termos econômicos e financeiros”, disse El-Erian em painel durante evento em Dubai, segundo o site de notícias CNBC.
Uma escalada do conflito e suas consequências econômicas viriam num momento em que a economia global enfrenta uma série de desafios, incluindo crescimento estagnado, inflação muito alta e maior fragmentação dos mercados.
“Esse conflito, de certa forma, amplifica todos os desafios que existiam e que já eram significativos”, afirmou El-Erian.
A guerra teve efeitos limitados sobre os mercados e a economia global, pelo fato de estar contido, até o momento, à Faixa de Gaza e ao sul de Israel. Mas analistas e políticos ressaltam que a situação pode piorar caso novos atores entrem no conflito, como o Hezbollah e, na pior das hipóteses, o Irã.
O ativo que tem mais sentido os efeitos do conflito é o petróleo - boa parte da produção global vem da região. O petróleo tipo Brent fechou com alta de 4,22% no primeiro pregão após o ataque surpresa do Hamas a Israel, no dia 9 de outubro.
Desde então, a commodity acumula queda de quase 2%. Na segunda 30, o Brent para janeiro de 2024 recuou 3%, a US$ 86,62.
Os Estados Unidos deslocaram dois porta-aviões para a região desde o início da guerra, como forma de dissuadir a interferência de atores externos e evitar um contágio da situação, especialmente sobre o preço do barril de petróleo.
Na segunda, 30, o exército de Israel deu início a uma incursão por terra na Faixa de Gaza, além de ter ampliado os bombardeios sobre o território. Autoridades israelenses afirmam que o objetivo é perseguir terroristas do Hamas e encontrar os mais de 200 reféns que o grupo fez após o ataque de 7 de outubro.
El-Erian não está sozinho em soar o alarme para as consequências de um conflito prolongado e da chegada de novos atores ao campo de batalha. A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse na quarta, 25, que a guerra entre Israel e Hamas é “uma nova nuvem” sobre as perspectivas da economia global.
“O que estamos vendo é mais nervosismo num mundo que está bastante ansioso”, disse ela durante evento em Riad, na Arábia Saudita.
Em 10 de outubro, o FMI divulgou suas mais recentes estimativas para a economia global. A expectativa é de desaceleração da atividade para 3% neste ano, da alta de 3,5% de 2022. Para 2024, o desempenho deve ser ainda pior, de 2,9%.
As projeções ficaram abaixo do visto entre 2000 e 2019, segundo o FMI, quando o mundo apresentou um crescimento médio de 3,8%.