O Índice de Preços ao Consumidor americano, uma das informações mais aguardadas desta semana pelo potencial de alterar expectativas quanto ao ritmo de aumento do juro pelo Federal Reserve (Fed), frustrou o mercado.

A expectativa era de queda de 0,1% em agosto e o indicador subiu 0,1%. Em 12 meses, o indicador caiu de 8,5% para 8,3%, sem frear a reação negativa sobretudo das bolsas americanas, onde os principais índices operam no vermelho. O S&P 500, um dos principais índices da bolsa americana caia 4% por volta das 16 horas. O Dow Jones perdia 3,7% e a Nasdaq, quase 5%.

Os dados divulgados nesta terça-feira, 13 de setembro, mostram também que pressões inflacionárias estão espalhadas na economia. O núcleo da inflação – que exclui preços de energia e alimentos – avançou 0,6% em agosto, o dobro do esperado. Em 12 meses, a alta passou a 6,3%.

A probabilidade de o juro básico avançar para a faixa de 3% a 3,25%, no dia 21 de setembro, ronda 90%. O Bank of America (BofA) reafirma sua projeção de mais uma alta de juro pelo Fed de 0,75, seguida de “aumentos menores” que levarão a taxa terminal ao patamar de 4% a 4,25%.

Apesar da projeção de juro a um nível considerado restritivo, o BofA não vê, por ora, arrefecimento do mercado de trabalho e passou a projetar uma “recessão suave” da economia americana para o primeiro semestre de 2023. Anteriormente, a expectativa era de retração no fim deste ano.

Além do mercado de trabalho firme, o fôlego do consumo é uma “razão fundamental para a economia americana permanecer sólida”, diz o BofA, que ampara sua avaliação nos gastos das famílias.

Os gastos com cartões de crédito e débito por domicílio aumentaram 0,2% em agosto ante julho e 5% em 12 meses, informa o banco em nota.

Esse aumento coincidiu, segundo o BofA, com a queda de gastos com gás. De julho para agosto, essa despesa recuou 5% em função da queda de preços da commodity.

Na prática, a queda nos preços do gás deu suporte a outras categorias de despesas no setor de serviços – como lazer, passagens aéreas, restaurantes e ocupação de hotéis –, apesar do aumento superior a 16% de pagamentos de serviços públicos.

O BofA alerta que os serviços públicos poderão se tornar uma preocupação macroeconômica maior num futuro não muito distante. Segundo a instituição, um em cada seis lares nos EUA está atrasado no pagamento dessas contas.

A instituição avalia que o aumento de 110% nos preços do gás natural, neste ano até agosto, poderá ter um impacto muito maior nas contas dos lares americanos nos meses mais frios, quando o gás natural é fortemente usado para o aquecimento de moradias.

Nesta terça-feira, a Alemanha também divulgou o índice de preços ao consumidor de agosto. No mês, a alta é de 0,3%. Em 12 meses, a inflação saltou de 7,5% para 7,9%, agravando a expectativa de recessão na Europa.

Amanhã, quarta-feira, 14 de setembro, o Reino Unido divulga sua inflação, também de agosto, e que deve em base interanual a 10,20% - um novo recorde em 40 anos.