Os bons resultados obtidos pela Petrobras no terceiro trimestre levaram a empresa a revisar para cima, nesta sexta-feira, 10 de novembro, suas projeções de produção de óleo e gás e os investimentos para 2023. A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 26,6 bilhões no terceiro trimestre e informou que vai distribuir R$ 17,5 bilhões em dividendos a acionistas, aumento de 9%.

“A Petrobras segue crescendo de forma sólida, com resultados robustos”, afirmou Sergio Caetano Leite, diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, em teleconferência com analistas, citando “números recordes”, como o Ebitda ajustado, de US$ 13,6 bilhões – o sexto maior da história da companhia – e o fluxo de caixa operacional de US$ 11,6 bilhões, o quarto maior registrado.

Leite informou que o aumento de 9% da produção de óleo e gás no trimestre levou a empresa a revisar seu guidance de produção, de 2,6 milhões para 2,8 milhões de barris de óleo por dia. Em relação ao capex  (investimento) da companhia, a nova projeção passa para US$ 13 bilhões em 2023, um aumento de mais de 30% em relação a 2022.

Embora tenha apresentado bons números no trimestre, as ações da Petrobras estavam sendo negociadas estáveis, oscilando entre pequenos valores negativos e positivos.

“Esperamos uma reação neutra do mercado e reiteramos que o próximo catalisador a ser observado pelos investidores é o anúncio do plano estratégico de cinco anos no fim deste mês, seguido pelo potencial dividendo extraordinário no início de 2024”, informou relatório do Goldman Sachs, reforçando que os resultados do trimestre saíram em linha com a expectativa do mercado.

Parte da reação morna se deve aos números negativos registrados no trimestre na comparação com o mesmo período de 2022, atribuídos principalmente à desvalorização do preço do petróleo no mercado internacional nos últimos 12 meses.

Um exemplo foi a queda de 42,2% do lucro líquido em relação ao mesmo período do ano passado e de 7,5% do que o registrado no trimestre anterior.

Nos nove primeiros meses do ano, o ganho da Petrobras somou R$ 93,56 bilhões, um recuo de 35,5% em relação ao mesmo período de 2022. A empresa também teve queda de 26,6% de receita de vendas e recuo do faturamento de 21,7%, para R$ 377,74 bilhões, no comparativo entre o terceiro trimestre de 2023 e o de 2022.

No fim de setembro, a dívida bruta alcançou US$ 61 bilhões, um aumento de 5,2% em comparação com o fim de junho. Por outro lado, a dívida financeira ficou estável, atingindo US$ 29,5 bilhões.

“Crescemos no primeiro, segundo e terceiro trimestres, embora comparações sejam pertinentes é preciso ter cuidado”, afirmou Leite, sobre os números negativos, citando, além da cotação do índice de petróleo Brent (redução de 4%), a desvalorização do real frente ao dólar (7%) e despesas operacionais, incluindo maiores custos de perfuração e ganho menor com venda de ativos.

“Também precisamos lembrar os momentos estratégicos diferentes da Petrobras, desde a eleição presidencial do ano passado, à mudança de diretoria e de objetivos da empresa sob a nova gestão, a partir de janeiro”, disse.

De acordo com o CFO da estatal, a gestão anterior reduziu investimentos e se concentrou na exploração. Leite disse que a empresa decidiu apostar em energia verde e na descarbonização no processo de produção de produtos, como óleo e gasolina.

Os investimentos nos primeiros nove meses do ano, de US$ 9,1 bilhões, tiveram alta de 30,7% em relação ao mesmo período de 2022. “À medida que os direcionadores estratégicos vão avançando, os riscos vão sendo atacados”, disse Leite.

Recordes e planos

A teleconferência começou com um vídeo curto no qual o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou apenas os bons números. “Tivemos recorde de produção trimestral de óleo e gás, com alcance de 4 milhões de barris de petróleo por dia, o que representa crescimento de 8% em relação ao segundo trimestre de 2023”, disse.

Ele também citou a alta produtividade do pré-sal e o início de operação de quatro novas plataformas, que devem agregar 630 mil barris diários à capacidade de produção da empresa. Prates atribuiu o fluxo de caixa operacional à valorização da cotação do índice Brent no ano e pelas maiores exportações de petróleo e de vendas de derivados no mercado interno.

Leite, por sua vez, abordou outros temas. Sobre eventuais novas aquisições e fusões, disse que a governança da empresa ainda está analisando opções. “Estamos na reta final do plano estratégico, aguardado pelo mercado pelos efeitos, por isso não posso adiantar nada.”

Perguntado por um dos analistas sobre a Braskem, Leite repetiu o que vinha dizendo antes: a estatal enxerga valor na área petroquímica para contribuir na transição energética, mas vai exercer seu direito de compra ou não das ações da Novonor quando chegar o momento certo. “O fato é que não há oferta vinculante para aquisição da participação da Novonor.”