O chileno Pedro Ibáñez tinha 28 anos quando descobriu a Patagônia. Naquela época, início da década de 1970, chegar a Punta Arenas, no extremo sul do Chile, era uma aventura para poucos e o turismo no país mal existia.
Ibáñez viajou de barco com um grupo de amigos e depois por uma estrada precária. Levou mais de uma semana. Quando chegou, adorou a sensação de desbravar um lugar selvagem, desconhecido e quase inacessível, cercado por picos, lagos e geleiras milenares.
Entusiasta desse tipo de viagens, Ibáñez então teve a ideia de criar uma empresa que oferecesse experiências profundas em destinos remotos da América do Sul. Foi assim que surgiu o grupo Explora, que construiu seu primeiro hotel na Patagônia chilena, em 1993, no Parque Nacional Torres del Paine. “O Explora nasceu do entusiasmo daquele grupo de amigos”, afirma Gonzalo Undurraga, CEO da marca.
Quase três décadas depois, o grupo Explora conta com quatro hotéis localizados em lugares remotos e cercados de paisagens de tirar o fôlego. Além da Patagônia chilena, o grupo construiu lodges localizados no Deserto de Atacama, na Ilha de Páscoa e no Valle Sagrado (Peru).
Agora, o grupo retorna à Patagônia, só que do lado argentino, com o seu quinto hotel, em El Chaltén, que será inaugurado setembro deste ano. O Explora El Chaltén está localizado no Parque Nacional Los Glaciares, em um vale onde os Rios das Vueltas e Fitz Roy se encontram. Ele ficará perto também dos Campos de Gelo Sul, a segunda maior reserva de água doce do planeta.
Seu nome se deve à montanha que se destaca entre os picos. A cidade homônima, distante 17 quilômetros, é considerada a capital nacional do trekking, com diversos circuitos de diferentes graus de dificuldade. “O lugar preenche todos os requisitos que buscamos: é remoto, possui uma natureza e paisagens muito atraentes e é quase desconhecido no mundo”, diz Undurraga.
Com investimentos de US$ 9 milhões, o Explora El Chaltén reúne 20 quartos e possui um design contemporâneo que parece se fundir à paisagem local. São 50 passeios, com destaque para a montanha Fitz Roy, que pode ser vista de diferentes ângulos, a caminhada sobre a Geleira Cagliero, a visita ao famoso glaciar Perito Moreno, e a reserva Los Huemules, que possui mais de 25 quilômetros de trilhas.
A rede Explora faz parte do grupo Córpora, presidido por Maximiliano, um dos filhos do fundador Ibáñez. Trata-se da holding da família que atua no ramo de bebidas, alimentos e contêineres, além da hotelaria, e fornece desde os vinhos até o café servidos.
Todos os hotéis têm estilos semelhantes. Com diárias que custam em média US$ 600 por pessoa, com tudo incluído – transfers, passeios e esportes acompanhados por guias, todas as refeições e bebidas alcoólicas e não-alcoólicas.
As propriedades se destacam ao promover o “luxo do essencial”. Os quartos têm conforto na medida certa e não incluem, por exemplo, tevê. A natureza é a grande protagonista e o dia corre com programas outdoors, explicações sobre fauna e flora, drinques e piqueniques.
Tal conceito rendeu – e rende – muitos prêmios. Nos últimos dois anos, a rede Explora foi nomeada "Melhor Empresa de Expedição do Mundo" pelo World Travel Awards, considerado o Oscar do turismo.
Este ano, o grupo Explora foi eleito “Empresa Líder de Expedições da América do Sul” pelo nono ano consecutivo. “Isso nos dá muita energia, especialmente durante um momento tão desafiador para a indústria do turismo”, afirma Undurraga.
Com a retomada aos poucos do turismo, o grupo Explora se prepara para dar passos mais ousados. “Para os próximos seis anos, foi elaborado um plano de 10 a 12 novas aberturas no Chile, Argentina, Peru e Bolívia”, diz Undurraga “As primeiras a serem executadas são duas aberturas na Carretera Austral, que serão concluídas antes do final de 2024.”