A região do Rio Tapajós e de Santarém (Pará) reúne praias de areia branca, água azul cristalina e sem a presença de mosquitos em plena Floresta Amazônica.
É nessa área que o oceanógrafo francês Jacques Cousteau chamou de “o Caribe da Amazônia” que o empresário Martin Frankenberg, conhecido por ser um dos principais nomes do turismo de alto padrão no Brasil, escolheu para sua “nova aventura.”
Frankenberg, que é sócio da agência e operadora de viagens Matueté (que significa “muito bem feito” em tupi-guarani) e ex-presidente da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), acaba de comprar o barco Tupaiú para oferecer uma experiência exclusiva na região amazônica.
“Quero mostrar a Amazônia de forma profunda para o Brasil e o mundo”, diz Frankenberg ao NeoFeed. “As pessoas imaginam que Amazônia é uma coisa só, mas é do tamanho da Europa e muito diversificada.”
Com quatro suítes e 67 pés, o Tupaiú é ideal para acomodar uma ou duas famílias, em petit comité, e levar a uma vivência de natureza intensa. Os roteiros, de quatro a sete dias, custam a partir de R$ 40 mil para o barco fretado para oito pessoas.
Em uma viagem curta, o turista que navega pelo Rio Tapajós passa pelos três sistemas ecossistemas fluviais que existem na Amazônia: rio de água negra, de água barrenta e de água clara.
Além de curtir as praias desertas, o turista tem a chance de percorrer trilhas e de conhecer as comunidades ribeirinhas. No Rio Arupins, afluente do Tapajós, por exemplo, há o trabalho da ONG Saúde e Alegre. “Cada uma das comunidades se dedica a uma atividade econômica, como a produção de cestaria e a criação de tartarugas”, diz Frankenberg.
A compra do barco Tupaiú foi feita em conjunto com dois parceiros influentes na Amazônia que queriam, como Frankenberg, levar aos turistas uma experiência em regiões mais inexploradas da floresta.
Um deles é Ruy Tone, empresário da hotelaria, gastronomia e expedições de barco. Ele é proprietário do famoso hotel Mirante do Gavião e das Expedições Katerre, ambos baseados no município de Novo Airão, no estado do Amazonas.
Junto com Frankenberg está também Maria Teresa Junqueira Meinberg, conhecida como Fofa, uma das fundadoras da ONG Vaga Lume, que implanta bibliotecas na floresta e está no comando da Turismo Consciente, empresa especializada em viagens pela Amazônia.
Frankenberg é um empresário do setor de turismo que tem ligação com a região. Ele fundou Matueté em 2002, ao lado de Robert Betenson, com quem estudou no colégio St. Paul’s School, e de Susanna Lemann, mulher do empresário Jorge Paulo Lemann, da 3G Capital, gestora dona AB Inbev, Restaurant Brands (Burger King e Tim Hortons) e Kraft Heinz, entre outros negócios.
Na época, o intuito era vender o Brasil para brasileiros que haviam tido experiências luxuosas em outros lugares do mundo, como era o caso de Susanna. “O Brasil quase não tinha infraestrutura hoteleira de alto padrão e a ideia era elevar o padrão do que já existia”, afirma Frankenberg. “Começamos a entender que luxo era isso: a experiência rara.”
Para viabilizar viagens assim, o executivo precisou conhecer o Brasil a fundo. O primeiro roteiro que desenvolveu foi justamente no Rio Tapajós. “Foi sensacional, nunca imaginei que existia uma Amazônia daquele tipo, muito diferente do estereótipo que eu tinha”, diz Frankenberg.
Ao longo dos anos, Frankenberg levou muitas pessoas para visitar a floresta amazônica – de estrelas de cinema a empresários importantes do Brasil e de fora.
Mas foi durante a organização de uma série de seminários para os executivos da alta cúpula de uma empresa brasileira de cosméticos com presença importante na Amazônia que ele percebeu o quanto o brasileiro não conhece o destino. “É surpreendente como os brasileiros, mesmo a elite, sabe tão pouco a respeito”, afirma Frankenberg.
Agora, ele quer fazer do barco Tupaiú, que é um projeto a parte ao seu negócio na Matueté, um embrião de algo maior. “Pretendo ajudar através do turismo a preservar a floresta”, diz Frankenberg. “Quero melhorar a qualidade do turismo de alto padrão e intensificar a minha presença lá.”
Tanto que a ideia é ter mais barcos. Frankenberg, inclusive, está envolvido no projeto de construção de uma pequena embarcação com design inovador. O objetivo é que a experiência atinja um número cada vez maior de pessoas.
“Quero levar não só o grande empresário, mas também o universitário com alto potencial intelectual”, diz. “E gerar receita com o turismo em comunidades, capacitá-las e proporcionar uma experiência significativa ao visitante.”
Segundo Frankenberg, a ideia é atingir uma escala de levar até 10 mil visitantes por ano à Amazônia. E, ainda, “amazonificar” as pessoas, criando algum tipo de curso online para elevar o padrão de conhecimento que os jovens têm de Amazônia. “São essas as pessoas que têm o poder de mudar no futuro”, diz.