As pragas são o terror de qualquer agricultor. Deixadas a seu próprio curso, podem dizimar plantações inteiras. Combatê-las com as ferramentas tradicionais, porém, ameaça a saúde do solo e a produtividade das lavouras. Mas os empreendedores do ecossistema agrifoodtech estão aí justamente para resolver o futuro da alimentação.
Apoiados pelas tecnologias emergentes, alguns deles trazem inovações dignas dos melhores roteiros de ficção científica. Como nos duelos de sabre de luz de “Star Wars”, o robô LaserWeeder, da agtech americana Carbon Robtics, usa inteligência artificial (IA) e raios laser para matar as ervas daninhas. Ainda pouco conhecida, a estratégia rendeu prêmios e cheques polpudos para a startup.
O sistema foi eleito a melhor solução baseada em IA de 2023 para a agricultura, pela plataforma global AI Breakthrough. Recentemente, US$ 30 milhões tilintaram nos cofres da agtech. A rodada série C foi liderada pela americana Sozo Ventures, com participação da Anthos Capital, Fuse Venture Capital, Ignition Partners, Liquid2 e Voyager Capital. Com o novo aporte, o total financiado da startup fundada em 2018, em Seattle, chega a US$ 67 milhões.
Equipado com 12 câmeras de alta resolução, GPS e LiDAR, da Nvidia, o robô alimenta, em tempo real, um supercomputador. Por visão computacional, a máquina identifica as pragas, em fases precoces, invisíveis ao olho humano. Em seguida, entra em ação o laser de alta potência. Como um míssil teleguiado, ataca apenas o inimigo, sem perturbar o ecossistema do solo tampouco a saúde da plantação.
O LaserWeeder elimina cerca de 5 mil ervas daninhas por minuto, a uma velocidade de oito quilômetros por hora. O índice de eficácia gira em torno de 99%.
Os primeiros robôs entraram em ação cerca de onze meses atrás e, nas estatísticas da Carbon Robotics, já mataram meio bilhão de pragas, encontradas em 40 culturas diferentes. Até o final do ano, o sistema deve chegar a 17 estados americanos e três províncias canadenses.
A grande vantagem de sistemas como o LaserWeeder é diminuir ou zerar a necessidade do uso de herbicidas. Conforme levantamento da agtech, os produtores que utilizam o robô reduziram os custos de controle de pragas em até 80%. Ainda nas contas da empresa, o retorno do investimento acontece entre 12 e 36 meses.
Chova ou faça sol, operando dia e noite, o robô da Carbon Robotics ajuda também na falta de mão-de-obra na agricultura global.
“É difícil conseguir gente o suficiente para desempenhar essas funções”, diz Paul Mikesell, CEO da agtech, em comunicado. “E para uma tarefa como arrancar ervas daninhas - provavelmente o trabalho de menor valor que um ser humano inteligente poderia fazer -, não faz muito sentido enviar pessoas para o campo.”