Criada há um ano pelos fundadores do Instagram, o americano Kevin Systrom e o brasileiro Mike Krieger, a Artifact se propunha a ser uma rede social de notícias com curadoria da inteligência artificial.

Com a “epidemia” de fake news que afetou outras redes sociais, parecia uma boa ideia. E, quem conhece os dois empreendedores de perto, acredita que a ideia foi bem executada.

Mas, como bem definiu Daniel Chalfon, sócio da Astella Investimentos, em um post no LilnkedIn, a ideia “não encontrou mercado além dos early adopters”. E concluiu: “Product market fit é tudo.”

Um ano depois de criada, a Artifact está "fechando as portas”. Em outras palavras, Systrom e Krieger, depois de se consagrarem com o Instagram, que foi comprado por US$ 1 bilhão pelo Facebook, em 2012, fracassaram.

A palavra “fracasso” na cultura ocidental tem uma carga negativa muito forte. É uma espécie de fim da linha sem saída. Um atestado de incompetência. Mas, no mundo das startups, o custo da inovação é fracassar, como Kevin Systrom e Mike Krieger.

“Falhar faz parte da vida de todos e é uma das partes duras, porém cotidianas, no ciclo de construção da inovação. Mesmo empreendedores experientes, em suas novas iniciativas, estão sujeitos a elas”, pontua Chalfon.

O próprio Systrom, em um post no Medium, em que anuncia o fim da Artifact, acrescenta um ponto que também vale a reflexão sobre as razões de desistir de um projeto em que se gastou dinheiro e energia.

“É fácil para as startups ignorarem esta realidade, mas muitas vezes tomar a decisão difícil mais cedo é melhor para todos os envolvidos. O maior custo de oportunidade é o tempo trabalhando em coisas mais novas, maiores e melhores, que tenham a capacidade de alcançar muitos milhões de pessoas”, escreveu ele.

Isso é quase um mantra dos empreendedores que investem em inovação: falhe rápido. E parta para a próxima. “O ciclo continua”, diz Chalfon. No caso de Systrom, ele deixa algumas pistas sobre seu próximo passo: a inteligência artificial.

Nunca é demais lembrar a história de Jimmy Wales. Para quem não o conhece, basta dizer que ela é o criador da Wikipedia, a enciclopédia online que, em sua época, provocou uma revolução na maneira de pesquisar informações.

Mas pergunte a Wales uma coisa que ele tem competência. Sem ironia, ele responde que é bom, muito bem mesmo, em falhar. Antes da Wikipedia, Wales se aventurou em três negócios. E todos eles fracassaram.

A primeira ideia de Wales que não deu certo foi um site no qual as pessoas poderiam pedir comida diretamente para os restaurantes em Chicago, nos Estados Unidos, em meados dos anos 1990.

Não deu certo porque a internet estava apenas começando. O iFood está aí para comprovar que, nesse caso, o “timing” de Wales estava errado.

O segundo projeto a falhar foi um buscador quando o Google estava dando os primeiros passos, cujo modelo de negócio era cobrar pelos cliques ou enviar tráfego para alguns sites, dando créditos. Mais uma vez, uma boa ideia, no tempo errado.

O terceiro projeto que não deu certo foi a gênese da Wikipedia. Wales criou uma enciclopédia online escrita apenas por especialistas e doutores. Ele gastou US$ 250 mil só para os 12 primeiros artigos e naufragou mais uma vez.

Wales está aí para provar que o custo da inovação é o fracasso. Mas falhe rápido e não repita os erros.