Em maio deste ano, quando abriu capital na Bolsa de Nova York por meio de uma fusão com a Zanite, uma Special Purpose Acquistion Company (SPAC), a Eve, spin-off da Embraer de aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOL) atraiu um consórcio de empresas que ancoraram a oferta.
Entre outros nomes, a relação incluiu companhias como Republic Airways, Sky West, Rolls-Royce, Azorra Aviaton, Bradesco BBI e BAE Systems. Já em setembro, a United Airlines reforçou esse time ao investir US$ 15 milhões na startup das aeronaves também conhecidas como “carros voadores”.
Agora, a Eve está embarcando um outro acordo para seguir turbinando sua operação. A empresa anunciou nesta sexta-feira, 23 de dezembro, que obteve a aprovação de uma linha de financiamento de R$ 490 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Segundo a companhia, essa cifra corresponde a 75% do montante total de R$ 652 milhões a ser investido na fase de desenvolvimento do projeto do seu eVTOL. Do valor financiado, R$ 410 milhões virão da Linha Finem e R$ 80 milhões do Programa BNDES Fundo Clima.
“Esse apoio vai não só acelerar a inovação, mas também a ascensão de uma nova forma de aviação mais sustentável com as aeronaves eVTOL, ajudando a transformar a indústria e a mobilidade urbana, e reduzindo a poluição sonora e o custo dos voos urbanos”, afirmou, em nota, André Stein, Co-CEO da Eve.
Com zero emissões locais e previsto para chegar ao mercado em 2026, a aeronave da Eve terá capacidade para transportar quatro passageiros e o piloto por uma distância de até 100 quilômetros. Na comparação com os helicópteros, os ruídos emitidos pelo eVTOL serão até 90% inferiores.
A startup, que nasceu na Embraer X, braço de inovação da Embraer, e ganhou status de spin-off no fim de 2020, é uma das empresas que está despontando na dianteira global desse mercado, ainda em maturação.
No decorrer deste ano, a companhia deu velocidade à assinatura de acordos com pedidos para suas aeronaves. Atualmente, a Eve tem um backlog de mais de 2,8 mil eVTOLs, com 27 clientes, em mais de dez países. Essa carteira soma pouco mais de US$ 8 bilhões.
Em entrevista concedida no início deste mês ao NeoFeed, Stein ressaltou que um estudo da Eve em parceria com a KPMG estima que o mercado global de eVTOLs vai movimentar US$ 750 bilhões até 2040, com uma base de 100 mil aeronaves.
“Temos um bom fôlego de caixa para a operação até 2024, 2025. Isso nos dá um bom prazo para desenvolver o projeto sem ter que, necessariamente, levantar capital de novo”, observou o executivo, na ocasião. Agora, o financiamento do BNDES só reforça esse cenário favorável à empresa.
Desde que abriu capital, as ações da Eve acumulam uma desvalorização de 14,3%. A companhia está avaliada em US$ 1,9 bilhão.