As apostas de Michael Jordan são notícia desde 1993, quando o então astro da NBA, a liga de basquete profissional dos EUA, foi flagrado em um cassino tarde da noite, 18 horas antes de atuar pelo Chicago Bulls em um jogo da semifinal do campeonato nacional, contra o New York Knicks.

Mas as manchetes mais recentes são diferentes. E os riscos também. O ex-jogador de basquetes se tornou sócio e virou consultor especial do conselho de administração da empresa de apostas Draftkings.

Assim como fez em 1993, Jordan, seis vezes campeão da NBA e considerado por muitos o maior jogador de basquete da história, pretende passar pela experiência com uma vitória. Os termos do acordo não foram revelados, nem quantas ações o ex-atleta "embolsou" nessa negociação.

O mercado reagiu positivamente à notícia e os papéis da empresa fecharam o pregão em alta de 8% na Nasdaq. Mas, ao longo do dia, as ações chegaram a saltar 12%.

Parte do entusiasmo tem a ver com a carreira bem-sucedida de Jordan fora das quadras. O ex-atleta mantém relações comerciais com grandes marcas, como a bebida isotônica Gatorade, a companhia de roupas Hanes e empresa de jogos de cartas Upper Deck.

Jordan é também sócio majoritário da equipe de basquete Charlotte Hornets, uma das franquias da NBA, e mantém uma sólida parceria com a Nike, num contrato iniciado em 1984 e que rendeu ao ex-jogador mais de US$ 1 bilhão. Sua fortuna é estimada em US$ 1,6 bilhão pela revista Forbes.

Fundada em 2012 pelos sócios Jason Robins, Matt Kalish e Paul Liberman, a Draktkings permite que seus usuários apostem online nas mais variadas modalidades. De basquete, futebol americano, tênis até as corridas de carros da Nascar e e-sports. Há ainda uma área destinada a jogos virtuais típicos de cassino, como BlackJack, vídeo poker e roletas.

Com mais de cinco milhões de usuários, a Draftkings chegou a levantar US$ 720 milhões em investimentos antes de se tornar pública, através da fusão com a  SBTech e Diamond Eagle Acquisition, uma SPAC (special purpose acquisition company), veículos que captam recursos com investidores para fazer uma aquisição no prazo de até dois anos – conhecidas também como empresas de “cheques em branco”.

A estreia da Draftkings na Nasdaq aconteceu em um momento particularmente sensível de sua trajetória, uma vez que eventos esportivos foram suspensos por meses a fio por conta das medidas de distanciamento social provocadas pela pandemia do coronavírus.

Em seu último relatório trimestral da empresa, encerrado em junho, o prejuízo foi de US$ 156,8 milhões, uma perda mais de quatro vezes maior que a reportada no mesmo período de 2019, US$ 37,2 milhões.

É justamente para virar esse jogo que Michael Jordan foi escalado para o conselho da companhia. O gosto do ex-jogador por apostas e cassinos chegou a ser explorado no documentário biográfico "The Last Dance" (Arremesso Final), produzido e exibido pela ESPN e Netflix. Apesar das suspeitas, Jordan diz que não é viciado em jogatinas, mas em competição. E isso não seria, de acordo com ele, um problema.

A chegada de uma celebridade a uma companhia tende a ter um efeito positivo no mercado, pelo menos no primeiro momento.

Em outubro de 2015, as ações da Vigilantes do Peso, dona de um método próprio de emagrecimento, saltaram quase 100% depois que a empresária e apresentadora americana Oprah Winfrey anunciou a aquisição de 10% da organização.

Naquele dia, os papéis passaram de US$ 7 para US$ 13,92 cada. Um mês depois, as ações eram negociadas a US$ 26,61. Hoje a companhia vale US$ 1,6 bilhão e suas ações não vendidas a US$ 23,61.

Outro exemplo mais recente é o de março de 2019, quando outro astro do basquete, Shaquille O'Neal, entrou para o conselho da rede de pizzaria Papa John's. Seis meses após o comunicado, a cadeia de fast food avançava 6% na Nasdaq.

Entre janeiro e março deste ano, as ações Papa John's caíram 10 pontos percentuais, mas o papel se recuperou nos últimos meses. Hoje, sua ação é negociada a US$ 95, uma valorização de 62,2% desde que "Shaq" se juntou ao time.

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