Bola de cristal é para amadores: Warren Buffett, também conhecido como Oráculo de Omaha, sustenta seu título por "desvendar" o futuro investigando o passado.
Fundador e CEO da Berkshire Hathaway, uma holding avaliada em US$ 562 bilhões, o magnata é para Wall Street um farol – sua estratégia de investimento, quase sempre, apontam a direção a seguir.
Em 2019, seu brilho não decepcionou, com direito a portfólio subindo 14,6% no acumulado do último trimestre e 38% no ano – superando os 29% do índice S&P 500, maior indicador da bolsa de valores americanas.
Com US$ 128 bilhões em caixa, Buffet mostra que apenas duas regras são suficientes para ganhar no jogo das ações: "a primeira é 'nunca perca dinheiro'; e a segunda é 'nunca esqueça a primeira regra'", como disse em uma entrevista.
Para seguir essas diretrizes, Buffet mantém intacta sua estratégia de apostar apenas em companhias já estabelecidas, com uma clara vantagem competitiva. Depois, ele assiste de camarote, sem pressa, o desenrolar (geralmente ascendente) das ações desses negócios. Foi assim que ele transformou seus US$ 10 mil em uma fortuna particular estimada em US$ 88,9 bilhões.
Esse comprometimento a longo prazo parece ser uma constante da Berkshire Hathaway, que adquiriu dezenas de companhias, entre elas a seguradora Geico e a operadora de trens BNSF.
Apesar das duas "estrelas" no hall de aquisição da organização liderada por Buffett, o forte de seu portfólio é o mercado financeiro – que ocupa mais de 40% de seus investimentos. Entram aqui gigantes como Wells Fargo, Bank of America, Goldman Sachs, Visa, Mastercard e a brasileira Stone, além de outras.
Quem antes "abocanhava" a maior fração (45%) de todos investimentos da Berkshire Hathaway, nove anos atrás, eram as empresas focadas em bens de consumo. A realidade atual, porém, é bastante diferente, e esse segmento só tem 15% das apostas do conglomerado.
É nessa categoria que encontramos Proctor & Gamble, Mondelez International, Costco Wholesale, Coca-Cola e talvez a maior decepção de Buffet, a Kraft Heinz, com quem investiu ao lado de seus amigos do 3G, os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.
Com 325 milhões de ações na Kraft Heinz desde 2005, a Berkshire Hathaway segura uma participação de 26,8% na empresa de alimentos. Nos últimos 12 meses, os papéis da empresa de alimentação caíram 33,5%.
Mas se o setor de bem de consumo míngua gradativamente, outro chega para ocupar o espaço deixado – o de tecnologia da informação. Composto, exclusivamente, pela Apple, que traz consigo 25% do portfólio da Berkshire Hathaway.
Publicamente satisfeito com a empresa chefiada por Tim Cook, Buffett comemora o fato de que as ações da Apple continuam a subir mesmo com a queda na venda iPhone.
Isso prova que a todo-poderosa empresa de Cupertino está fazendo sua lição de casa para buscar novas formas de monetização. Os serviços da Apple - como App Store, Apple Music e Apple Pay - estão se tornando uma parte maior da receita geral da empresa.
No ano fiscal de 2019, que terminou em 28 de setembro, os serviços representaram US$ 46,3 bilhões em receita. Isso representou 18% do faturamento total da companhia, acima dos 15% do ano anterior. Esse crescimento é importante, porque os serviços têm margens brutas muito mais altas que os produtos da Apple - 63,7% em comparação com 32,2% em 2019.
A perspectiva de serviços crescendo ainda mais e gerando maior lucratividade ajudou a alimentar o aumento das ações. O mesmo acontece com o segmento "wearables, casa e acessórios", que quase dobrou sua receita em dois anos, de US$ 12,8 bilhões, em 2017, para US$ 24,5 bilhões, em 2019. O crescimento acelerou de 36% em 2018 para 41% em 2019.
Ainda no mundo digital, Buffet tem a Amazon como carta na manga. Embora tenha declarado sua preocupação com o aumento dos custos da empresa por conta da promessa de entrega em um dia útil, o magnata reconheceu que a manobra atraiu mais clientes recorrentes e aumentou o volume das vendas. Só na temporada de fim de ano, as compras online subiram 18,8% em relação ao mesmo período de 2018.
A Berkshire Hathaway dedica apenas 5% de seu portfólio às empresas de transporte, mas quando o faz, mira alto – literalmente. A empresa investe nas companhias aéreas Southwest, Delta Airlines, American Airlines, United Airlines e na empresa de entrega e logística UPS.
Conhecido por nunca apostar em negócios que não entende, Buffet sempre manteve certa distância de empresas relativas ao universo da saúde, mas não ignora completamente o setor. Sua Berkshire Hathaway é dona de 30% da DaVita, focada em doenças de rim e hemodiálises, e na Teva Pharmaceutical Industries. Juntas, as empresas não alcançam 2% do portfólio da holding.
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