A Fox entrou oficialmente para a guerra do streaming. Mas em vez de criar sua própria plataforma, optou por comprar uma já estabelecida: a Tubi TV, um serviço totalmente gratuito aos usuários, financiada apenas por publicidade.
O valor do negócio é de US$ 440 milhões, pagos em em dinheiro, após a Fox vender 5% de suas ações na empresa de mídia online Roku, o que lhe trouxe US$ 350 milhões. O montante foi usado para concluir essa transação, de acordo com um comunicado da própria companhia.
Tamanho esforço parece ser facilmente explicável. Ativa desde 2014, a Tubi levantou US$ 26 milhões de investimentos e, com esse montante, conseguiu levar aos atuais 25 milhões de usuários ativos mais de 56 mil horas de programação.
Embora não cobre assinatura, a plataforma conta com conteúdo de qualidade, com filmes e séries assinados por alguns dos maiores estúdios americanos, como Paramount, Lions Gate, Warner Bros e outros.
O serviço da Tubi pode ser acessado pela Apple TV, Roku, Amazon Fire Stick e outras centrais de mídia, como Sony e Samsung. Além de operar em todo território americano, a empresa também está presente na Austrália e no Canadá.
Ainda não está exatamente claro qual será a estratégia da Fox com a Tubi. Ela pode apenas replicar seu conteúdo televisivo no streaming, lançar conteúdo original ou fazer da plataforma um produto de marketing.
O que se sabe, contudo, é que essa transação traz à Fox uma audiência nativa digital e garante maior penetração entre um público mais jovem, o que era um desafio para o canal americano.
O fundador e atual CEO da Tubi, Farhad Massoudi, seguirá no comando da companhia. "Vamos continuar crescendo e nos diferenciado neste mercado de streaming financiado por publicidade", declarou Massoudi sobre o acordo, em nota oficial.
A fala do executivo vai ao encontro de outras negociações semelhantes. No ano passado, a ViacomCBS apostou US$ 340 milhões na compra da Pluto TV, outra plataforma de streaming que opera neste formato, isentando o usuário de pagamento.
Este ano a Comcast fez esse mesmo movimento ao adquirir a plataforma "gratuita" de streaming Xumo LL, enquanto a NBCUniversal segue dialogando com o Walmart para a compra da Vudu – uma startup que, além do streaming bancado por publicidade, também trabalha com a venda e aluguel de filmes e séries.
Essa "corrida" pelo entretenimento digital deve se justificar. O mercado de streaming global atingiu US$ 42,6 bilhões em 2019, de acordo com análise da empresa de consultoria Grand View Research.
O mercado de streaming global atingiu US$ 42,6 bilhões em 2019
A consultoria prevê que esse montante cresça, em média, mais de 20% anualmente entre 2020 e 2027, podendo bater a marca de US$ 184 bilhões ao fim do período.
Há quem acredite ainda que essa escala pode ser mais rápida que o esperado, uma vez que a pandemia do coronavírus, que tem obrigado verdadeiras multidões a ficarem em casa, tem revelado o potencial desse serviço.
Para dar conta do aumento da demanda, puxado pelo isolamento social obrigatório, grandes empresas de streaming, como a Netflix e o YouTube, estão reduzindo a qualidade de seus vídeos pelo período de um mês.
Por enquanto, essas medidas "emergenciais" foram colocadas em prática apenas na Europa, onde as companhias experimentam uma demanda sem precedentes.
"Estimamos que essa redução da qualidade economize 25% o tráfico da Netflix em solo europeu, enquanto zelamos pelo bem-estar de nossos assinantes", informou a companhia em comunicado oficial.
Também o Google se manifestou sobre o assunto, reiterando que continuam "trabalhando com membros do governo e com operadoras de telecomunicações para minimizar o estresse no sistema, sem sacrificar a experiência do usuário".
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