O mês de janeiro de 2023 pareceu eterno. Com a “sucessão de sucessões que se sucedem sucessivamente”, como diria o profeta Hernanes, agora jogador de futebol aposentado, o brasileiro entrou num túnel sem fim, desde a tentativa de golpe em Brasília até o impacto da mágica contábil da Lojas Americanas, que de uma “inconsistenciazinha” de R$ 20 bilhões se transformou em uma conturbada recuperação judicial de R$ 42 bilhões.
Se fosse só isso estaria mais do que bom. Teve a crise dos influenciadores que ensinam austeridade financeira e controle de gastos, mas que tiveram de demitir parte da equipe – é urgente a necessidade de revisão do material de educação financeira, minha gente. E o bilionário indiano Gautam Adani que está vivendo seus dias de Eike Batista.
Só aconteceu coisa ruim? Claro que não. A bolsa americana se recuperou em janeiro e animou os investidores, menos o sr. catástrofe Michael Burry, que fez um tuíte monossilábico: venda! O real também se valorizou 6,55% em janeiro e nos primeiros dias de fevereiro já baixou dos R$ 5. Vai ter Disney, para alegria de Bob Iger, que enviou mensagem aos funcionários pedindo para voltarem para o escritório.
Entre tantas coisas que escaparam aos seus olhos, nada passa pela observação de Arthurito Faria Lima, que acompanha em tuítes e posts no Instagram o que só ele vê de binóculo da janela do Condado. Acompanhe o que ele falou nesta entrevista ao NeoFeed:
O que foi mais marcante em janeiro, o caso Americanas ou a crise dos influenciadores?
Essa é fácil, com certeza Americanas. Foi um tema tão forte que até aliviou um pouco a pressão em cima da agenda política. O tamanho do erro e a (até então) reputação ilibada dos acionistas principais da companhia tornam o caso histórico. Eu fiz minha parte criando memes e colocando lenha na fogueira (risos). Sobre os influenciadores, vejo um ciclo relativamente natural. Com a taxa de juros no atual patamar, não tem curso de investimentos que supere a explicação simples e sem risco da Selic. Sem contar que os investidores que tomaram banho gelado às 5 da manhã e cortaram o cafezinho diário só conseguiram o retorno de um resfriado e a falta de energia ao longo do dia
Com a recuperação das bolsas nos Estados Unidos, é hora de voltar a investir no exterior?
Não entendo que seja hora de voltar porque vejo a alocação internacional como parte de uma estratégia perene de diversificação do portfólio. O investidor que tentou acertar o c# da mosca lá fora perdeu esse rally de janeiro. Eu, sinceramente, não estou tão otimista, ainda vejo muita reticência em relação à economia americana e ao ciclo de juros por lá, mas mantenho uma exposição fixa em equities nos EUA. Queria fazer stock picking para não ficar refém dos índices americanos, mas no momento não consigo me dedicar a essa estratégia. Vejo um mercado grande para analistas de ações americanas!
Feriado com negociação de ações na bolsa de valores é inédito. Pode isso, Arnaldo?
A bolsa aberta no feriado de aniversário de São Paulo é aquela reunião que que poderia ter sido um e-mail.
Quem é o melhor companheiro de balada: Alvarito, Mansur ou Xandão?
É fantástico como meus amigos ficaram “conhecidos” através dos áudios. O Alvarito não vai para a balada. Xandão e Mansur são boas companhias. O Allan Gemeo é um craque da noite também.
Você trocaria um bom negroni por 100 ações de Americanas? É pegar ou largar.
Um ataca o meu fígado o outro atacaria meu estômago. Preciso perguntar para o meu médico.
"Acho que o Rial assistiu muito Big Brother Brasil ano passado e ficou com o slogan da Americanas na cabeça “relaxa, na Americanas você acha”
Quem é o mestre do Excel: Jorge Paulo Lemann ou Sergio Rial?
Acho que o Rial (Sergio Rial, CEO da Americanas por nove dias) assistiu muito Big Brother Brasil ano passado e ficou com o slogan da Americanas na cabeça “relaxa, na Americanas você acha”.
Você acha que o ministro Fernando Haddad já descobriu o que é a CVM?
Tenho tentado dar o benefício da dúvida ao Haddad. Eu sinceramente acho que ele tem algumas ideias boas, mas será sufocado pela ala mais radical do governo. Sobre a falha, foi tosca, mas perdeu até destaque perto das discussões do “sur real”. Parece que o Lula mandou fazer um boné para ele, tipo aquele do CPX, só que com a sigla da Comissão de Valores Mobiliários.
No mundo Faria Limer, é team André Esteves ou team Guilherme Benchimol?
Impossível escolher. Sou grande fã e admirador de ambos e entendo que tenham enorme responsabilidade pelo fato de XP e BTG serem os protagonistas do mercado de investimentos no país. Tive a oportunidade de contar a história de ambos no meu quadro do Instagram, Humans of Faria Lima. Enfim, dois craques!
"O colete virou um ícone do faria limer, mas no dia a dia já está um pouco desgastado. Vamos ver se aguenta bem até o inverno 2023"
Depois da moda do colete, qual será a próxima tendência na Faria Lima?
O colete virou um ícone do faria limer, mas no dia a dia já está um pouco desgastado. Vamos ver se aguenta bem até o inverno 2023. Algumas coisas que têm sido moda por aqui são as calças de alfaiataria numa pegada quase de moletom (Renato Breia, da Nord, é o precursor), as polos customizadas com a logo das assets e bancos de investimentos (back to basis na moda), o uso de tênis Yuool, Allbirds e Vert, e a boa e velha camisa com monograma bordado, um patrimônio da FL.
Os patinetes sumiram. Agora, como se locomover no Condado?
É verdade, mas se você acompanhar o fluxo da ciclovia há variados meios de transportes, tem patinete de uma roda só, tem um que parece um pogobol motorizado, tem triciclo, bicicleta, patinetes convencionais, parece a corrida maluca. Eu, particularmente, aposto muito no uso da bicicleta elétrica para quem concentra o dia a dia em curtas distâncias.
Chegou o mês de fevereiro, então vamos ao que interessa: carnaval no Rio de Janeiro ou em Salvador?
O carnaval de Salvador tem uma energia AAA. É uma experiência que deveria ser vivenciada por todos ao menos uma vez na vida. O carnaval carioca é muito legal também. Como eu não gosto dos desfiles da Sapucaí, acabo aproveitando por lá um apanhado de festas que são muito parecidas com as que são organizadas ao longo do ano todo. Por isso, considero Salvador mais “único”.
Aliás, banalizaram a palavra top. O que é top para você?
Também acho, muito vezes usam até com uma conotação negativa como no termo “hetero top”. Eu gosto mais do termo que adaptei a partir das agencias de rating, o AAA. Acho que AAA representa excelência.
Para encerrar, a missão do estagiário é...
Aprender a trabalhar e ser efetivado! Simples assim. Entendo que as grades curriculares das faculdades (ao menos na minha época) não colaboram tanto para a formação profissional prática e o estágio tem uma função primordial nesse sentido. O estagiário tem de ser aquele cara resolvedor de problemas, com boa capacidade de se relacionar, construir network e aprender.