Em apenas quatro anos, a Latam foi da quase falência a um modelo de recuperação que pode servir de exemplo para o setor aéreo. Os resultados financeiros, divulgados pela companhia na manhã de segunda-feira, 28 de abril, surpreenderam positivamente o mercado.

O lucro líquido no primeiro trimestre de 2025 foi de US$ 355 milhões, 38% superior ao mesmo período de 2024. No mesmo período, a margem operacional ajustada foi de 16,8%, um recorde para a Latam - o consenso da Bloomberg era de aproximadamente 13,2%.

Além de margens de dois dígitos serem celebradas como grandes conquistas no segmento, esse desempenho aconteceu em um período tradicionalmente mais fraco para o setor aéreo.

"A Latam está colhendo os frutos de uma reestruturação que vai muito além do corte de custos. Estamos vendo os resultados de uma estratégia disciplinada de alocação de capacidade e de foco em rotas rentáveis, não apenas em crescimento a qualquer custo", escreveu Ricardo Bottas, CFO do grupo, no release dos resultados.

A transformação da companhia aérea chama a atenção. Em maio de 2020, a Latam entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. A dívida da empresa era de US$ 18 bilhões. Na época, muitos analistas duvidavam da capacidade da empresa de voltar a voar.

Saindo da recuperação judicial em novembro de 2022 com uma injeção de capital de US$ 8 bilhões e uma redução significativa de sua dívida, a companhia iniciou um processo de reinvenção do negócio.

As agências de classificação de risco, como S&P e Fitch, vem elevando a nota de crédito da Latam. A companhia ainda está no nível especulativo, mas com perspectiva estável (S&P) e positiva (Fitch). Essa percepção confirma que a empresa aérea conseguiu não apenas se estabilizar, mas construir fundamentos para o seu crescimento.

No último trimestre, a companhia incorporou dois novos Airbus A320neo como parte da modernização de sua frota. O plano prevê 26 novas aeronaves ainda neste ano.

A administração da companhia está confiante na melhoria dos números nos próximos trimestres. Houve a aprovação de um programa de recompra de ações de até 1,6% dos papéis em circulação nos próximos 18 meses. A ação da empresa na Nyse acumula alta de 16% no ano.

A gestão da Latam também revisou para cima as projeções para 2025 – com margem operacional ajustada esperada entre 13% e 155% e Ebitdar ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e custos de reestruturação ou de arrendamento) entre US$ 3,4 bilhões e US$ 3,75 bilhões.

O bom momento da companhia veio para ficar? "Observamos que o forte conjunto de resultados e a revisão para cima do guidance provavelmente serão bem recebidos pelo mercado e impulsionarão uma reação positiva das ações", escreveram Bruno Amorim e João Frizo, analistas do Goldman Sachs.

A estimativa do Goldman é de uma alavancagem de 1,4x no fim deste ano. A companhia projeta um indicador igual ou inferior a 1,5x.

Com operações em mercados domésticos de cinco países latino-americanos (Brasil, Chile, Colômbia, Equador e Peru), além de voos internacionais que conectam a região com Europa, Estados Unidos, Oceania, África e Caribe, a Latam está em uma posição mais confortável que suas concorrentes para capitalizar o aumento na demanda por viagens.