Após inicialmente demonstrar incerteza sobre como cumprir a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs restrições à abertura de cursos de medicina, o Ministério da Educação (MEC) apresentou duas portarias a respeito do tema.

E a julgar pelo conteúdo dos textos, o BTG Pactual afirma que grandes nomes do setor de educação, como Afya, Ânima e Yduqs, não devem ser prejudicados pelas mudanças, ainda que as novas regras possam reduzir o ímpeto na oferta de cadeiras na graduação em medicina.

Segundo os analistas Samuel Alves e Yan Cesquim, os textos incluíram critérios mais rigorosos no processo de abertura de cursos de graduação de medicina, gerando barreiras de entrada no mercado, o que beneficia grandes nomes do setor de educação.

“Em teoria, nomes listados publicamente que investiram pesadamente em medicina estão numa posição de se beneficiar das atualizações regulatórias”, diz um trecho do relatório. “Eles têm mais pedidos pendentes para expandir os números de vagas nos cursos atuais e sua experiência anterior (um critério chave do MEC) significa que eles estão melhor posicionados para competir por novos cursos.”

As portarias, publicadas na segunda-feira, 4 de setembro, no Diário Oficial da União (DOU), estabelecem critérios para expansão do número de vagas nos atuais cursos e estendem o prazo para apresentar propostas ao chamamento público para a autorização de curso de graduação em medicina.

No caso da portaria sobre expansão do número de vagas, os analistas destacam que o MEC endureceu os critérios. Além da necessidade de infraestrutura, o governo passou a exigir que os cursos precisam ter uma nota média no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) igual ou acima de quatro nos últimos cinco anos.

A portaria estabelece também que o pedido de aumento de vagas ficará limitado a até 30% das vagas já autorizadas para o respectivo curso de medicina e não poderá resultar em graduações com mais de 240 vagas.

A oferta de graduação em medicina tem sido uma grande aposta de alguns dos principais nomes do ramo de educação, por ser um curso de tíquete médio maior, longa duração, alta taxa de ocupação e baixa evasão.

O resultado foi um aumento da relevância da cadeira nos balanços das empresas. Cálculos da Ativa Investimentos apontam que a exposição da Ser Educacional ao curso de medicina representa cerca de 76% do Ebitda, enquanto na Ânima, chega a 46% do resultado operacional. Para a Yduqs é de 30% e para Cogna é de 19%.

Por volta das 12h46, as ações da Ânima recuavam 3,86%, a R$ 3,49. No ano, elas registram queda de 9,6%, levando o valor de mercado para R$ 1,3 bilhão.

Os papéis da Yduqs caíam 1,94%, a R$ 20,17, mas registram alta de 98,3% no ano, levando o valor de mercado a R$ 5,8 bilhões.

Na Nasdaq, as ações da Afya tinham queda de 0,34%, a US$ 15,91. O valor de mercado soma US$ 1,4 bilhão, enquanto os papéis acumulam baixa de 1% no ano.