Em meio à disputa de espaço no mercado de entrega de alimentos no Brasil e na América Latina, a Amazon e a Rappi estão unindo forças.
Segundo apuração da agência de notícias Bloomberg, a companhia de Jeff Bezos adquiriu uma fatia na companhia colombiana de entrega através de uma nota conversível de US$ 25 milhões.
O acordo, disseram fontes ouvidas pela reportagem, dá direito à Amazon de comprar até 12% da Rappi por meio de warrants, de acordo com cumprimento de determinadas métricas. Os números podem mudar.
Procurada pelo NeoFeed, a Amazon informou que não comenta rumores ou especulações de mercado. A Rappi declarou que não se pronunciará sobre o assunto.
Os acordos representam movimentos estratégicos para ambas as empresas. Para a Amazon, uma parceria com a Rappi fortalece sua rede logística para encarar a disputa com o Mercado Livre, maior nome de e-commerce da América Latina, além das plataformas asiáticas que começam a desembarcar na região, como o TikTok Shop, e aquelas já consolidadas, caso da Shopee.
Com a Amazon em seu captable, a Rappi ganha um aliado de peso para se reforçar diante da perspectiva de uma concorrência cada vez mais acirrada no mercado de delivery, especialmente no que diz respeito ao segmento de refeições, até aqui, amplamente dominado pelo iFood, com uma fatia de cerca de 80%.
Essa disputa envolve a chegada - e o retorno - de dois players em particular. O primeiro, a Meituan, gigante chinesa do setor que desembarca oficialmente no País em novembro, com sua marca internacional Keeta e a promessa de investir R$ 5,6 bilhões no mercado local nos próximos 5 anos.
Já o segundo nome que está movimentando esse front é o 99Food, serviço de delivery de refeições que a 99 relançou no Brasil há cerca de dois meses, como parte de um plano de investimentos de R$ 1 bilhão.
Em um sinal do que está em jogo nessa mesa, a dupla tem protagonizado uma série de ações no âmbito da justiça e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, com a Keeta acusando a 99Food de concorrência desleal e práticas anticompetitivas.
Na outra ponta, a 99Food, que também é controlada por um grupo chinês, a Didi Chuxing, revidou, ao recorrer à Justiça alegando que a Keeta teria imitado elementos distintivos da marca 99, incluindo o design da plataforma 99Food.
Na dianteira do setor, o iFood “contra-atacou” com um plano de investimentos de R$ 17 bilhões para o seu ano fiscal, que se estende até março de 2026. Embora não tenha apenas o delivery como destino, essa cifra dá uma medida da artilharia pesada da companhia, controlada pelo grupo Prosus.
A Rappi, por sua vez, havia anunciado um investimento de R$ 1,4 bilhão no Brasil, também não restrito a esse menu. E, na semana passada, divulgou a captação de um empréstimo de US$ 100 milhões (cerca de R$ 547 milhões) com o Kirkoswald Private Credit e o Banco Santander.
Com Moacir Drska