Um dos personagens no centro da trama que levou a Americanas a pedir recuperação judicial com dívidas de R$ 43 bilhões, após a descobertas de inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões, Sérgio Rial está encerrando seu ciclo como protagonista em outra operação.

Em fato relevante divulgado no início da noite desta sexta-feira, 20 de janeiro, o Santander informou ao mercado que o executivo apresentou sua renúncia ao posto de presidente e membro do Conselho de Administração do banco, bem como dos Comitês de Assessoramento do board.

No documento, o banco anunciou ainda que o comando do board será exercido interinamente por Deborah Stern Vieitas, atual vice-presidente do colegiado, até a próxima data da próxima Assembleia Geral Ordinária da empresa, marcada para o dia 28 de abril.

Rial foi nomeado para a liderança do Conselho em julho de 2021, justamente na data em que o Santander anunciou, de forma inesperada, que o executivo estava deixando o comando do banco no Brasil e na América do Sul, após quase seis anos na posição. Em um processo de transição que foi concluído no início de 2022, ele foi substituído por Mário Leão.

Já em agosto do ano passado, em uma nova surpresa para o mercado, Rial foi anunciado como CEO da Americanas, em substituição a Miguel Gutierrez, executivo que comandou a operação da varejista por quase 30 anos.

Entretanto, a passagem de Rial no comando da Americanas foi curta. Em 11 de janeiro deste ano, apenas nove dias depois de assumir o posto, Rial anunciou que estava de partida da companhia, depois da descoberta de “inconsistências” no balanço da operação.

Em pouco mais de uma semana, o imbróglio resultou no pedido de recuperação judicial da varejista, anunciado na quinta-feira, 19 de janeiro. O Santander é justamente um dos principais credores no processo, ao lado de bancos como Bradesco, Itaú Unibanco e BTG Pactual.

Apesar de encerrar sua breve passagem no comando da Americanas, Rial seguiu atuando como um dos interlocutores da empresa, em meio aos desdobramentos do caso, e como assessor dos acionistas de referência da varejista – Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, o trio à frente do 3G Capital.

O fato de exercer esse último papel rendeu, inclusive, diversas críticas no mercado, sob alegações de possíveis conflitos de interesse. Nessa direção, na segunda-feira, 16 de janeiro, a Americanas anunciou a contratação da Rothschild & Co para atuar na intermediação da renegociação da dívida. Desde então, não está claro se Rial segue como o nome à frente dos interesses do 3G Capital nesse processo.