Sérgio Rial, presidente do Santander no Brasil e na América Sul, reuniu os principais executivos do banco na tarde de hoje para falar sobre os resultados trimestrais da instituição financeira e surpreendeu muitos deles ao anunciar que vai deixar o comando executivo do banco no fim do ano.

Ele assumirá a presidência do conselho de administração no lugar de Álvaro de Souza e permanecerá no conselho de administração global do banco na Espanha. No lugar de Rial como head da América do Sul assume Carlos Rey de Vicente e a operação brasileira ficará nas mãos de Mário Roberto Opice Leão, que comanda o corporate desde 2017.

Formado em engenharia de produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Leão trabalha no mercado financeiro há 25 anos. Ele ocupou cargos de comando em bancos como Citibank, Goldman Sachs e Morgan Stanley. Ele entrou no Santander, em 2015, a convite de Sérgio Rial.

A decisão de Rial pegou muita gente do banco de surpresa porque quem o conhece sabe que ele sempre almejou assumir o comando global do Santander. Mas Rial alegou questões pessoais para deixar o cargo executivo e assumir o conselho de administração. E fez isso agora para conduzir uma transição tranquila.

Apesar de Mário Leão ser um executivo tarimbado, o NeoFeed apurou que Rial disse a interlocutores que preferia fazer essa mudança agora, principalmente, por conta de que no ano que vem tem eleições presidenciais no Brasil, o que pode gerar turbulência no País, e, diante do resultado, não se sabe qual será o cenário político e econômico.

Não daria, portanto, para sair do comando do banco nesse ambiente. Em nota, Ana Botín, presidente mundial do Santander, disse que espera “trabalhar com ele (Rial), Mario e Carlos para continuarmos cumprindo nossos objetivos estratégicos, apoiando pessoas e empresas a prosperar, e construindo ‘One Santander’.”

Rial também se pronunciou por meio de uma nota. “Nos últimos dois anos, o Conselho de Administração e eu trabalhamos juntos com a gestão do Grupo para garantir uma estratégia de sucessão sem rupturas, alavancando a força e continuidade de nossa atual equipe de gestão que, juntos, foram responsáveis por uma das maiores transformações do setor financeiro”, disse ele.

Um profissional que conhece bem o Santander diz que, pela formação do novo conselho de administração, Rial continuará dando as cartas. Angel Santodomingo, CFO do banco, e Alberto Monteiro Neto, que comanda a área de Wealth Management, irão para o board e continuarão na operação. “Tem cara de um conselho mais ligado ao dia a dia do negócio”, diz esse executivo. “Na Espanha funciona assim.”

Rial é conhecido por ser centralizador, decidir até questões micro das áreas de negócios do banco. Outro executivo que o conhece diz que ele olha no detalhe e chega a exagerar nesse aspecto. “Mas, ao mesmo tempo, ele mudou a cultura do banco, investindo em transformação digital, em startups e criando novos negócios”, diz esse mesmo executivo.

Rial também personalizou a imagem do banco e a mudança para o comando de Leão é bem-vista no mercado. Mas há um grande desafio para ele. Leão sempre foi um executivo que atuou no atacado e agora terá de comandar um gigante no varejo. O Santander Brasil conta com 51,3 milhões de clientes, R$ 978,1 bilhões em ativos e, nos últimos anos, vem entregando entre 25% e 30% do lucro global do banco.