A Lojas Americanas informou ao mercado que a BlackRock, maior gestora independente do mundo, com aproximadamente US$ 10 trilhões, vendeu a participação que detinha na empresa e deixou de ter uma posição relevante entre os acionistas da rede varejista.
A decisão da BlackRock é emblemática. Em um mês, a gestora reduziu sua posição de 5,003% do total de ações ordinárias da Americanas para 0,115%. Dos 45,559 milhões de papéis em posse da BlackRock, 44,5 milhões voltaram a ficar em circulação no mercado.
Quando Miguel Gutierrez, então CEO e diretor de relações com investidores da Americanas, assinou o comunicado ao mercado informando a posição relevante que a BlackRock havia montado em 22 de dezembro, a gestora detinha o equivalente a R$ 412,772 milhões no preço de fechamento de R$ 9,06 daquela data.
A estratégia da gestora era sinal de confiança no comando de Sergio Rial, que daria início a uma nova fase na Americanas na virada do ano e vinha animando todos investidores e o mercado financeiro.
Até o fechamento da bolsa de valores em 10 de janeiro, horas antes de Rial anunciar o erro de contabilidade da Americanas e renunciar ao cargo de CEO, a decisão da BlackRock se mostrava acertada. Em 13 pregões, a ação havia alcançado uma valorização de 32,5%, aos R$ 12. Um ganho de pouco mais de R$ 134 milhões para a gestora.
No dia seguinte, Rial fez uma teleconferência com analistas no BTG Pactual, as ações entraram em leilão e todo o cenário mudou.
Não dá para precisar como foi o movimento de venda das ações da BlackRock desde que o Caso Americanas tomou a proporção gigantesca do pedido de recuperação judicial até a publicação da lista de credores.
Mas considerando o preço de fechamento de R$ 0,81 em 24 de janeiro, o dia anterior ao comunicado assinado por João Guerra, o atual CEO e diretor de relações com investidores da companhia, os 44,5 milhões de ações da BlackRock teriam sido vendidas por apenas R$ 36,082 milhões.
Agora, a BlackRock possui 1,038 milhão de ações, o equivalente a R$ 848,2 mil. Como essa venda não precisa mais ser comunicado ao mercado, vai ser difícil saber até quando a gestora ficará com esses papéis.
Dias antes da BlackRock, em 18 de janeiro, a Nuveen, gestora americana centenária com US$ 1,1 trilhão em investimentos, também reduziu sua posição na Americanas de 45,595 milhões de papéis, o equivalente a 5,02% do total de ações ordinárias da companhia, para 1,271 milhão.