Os resultados piores do que o esperado no primeiro trimestre forçaram os analistas do BTG Pactual a "dar uma pausa' no otimismo com a tese do Banco do Brasil (BB), ainda mais diante da possibilidade de as coisas piorarem antes de melhorarem.
Os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura rebaixaram a recomendação do banco de compra para neutro e cortaram o preço-alvo de R$ 34 para R$ 30, mesmo reconhecendo que o valuation "não está tão elevado".
Para eles, apesar da administração ter sido transparente com a situação, reconhecendo que também foi surpreendida pela piora dos números, a teleconferência de resultados não ofereceu segurança e tranquilidade a respeito dos próximos trimestres.
"As coisas ainda podem piorar antes de melhorar e o balanço não parece forte quanto estava há alguns anos", diz trecho do relatório. "A ação corrigiu 'apenas' 13% na sexta-feira, mais do que temíamos, por isso preferimos permanecer neutros, aguardando por uma maior correção ou mais claridade a respeito dos resultados futuros."
O BB sofreu com a deterioração da inadimplência do agro nos primeiros três meses do ano, diante do forte aumento dos pedidos de recuperações judiciais, puxado pela piora das condições do mercado – o segmento responde por quase um terço da carteira de crédito do banco público.
Na call, o CFO do BB, Giovanni Tobias, reclamou ainda de uma suposta “indústria de RJs”, destacando que muitas empresas que têm optado por esta via não estão numa situação tão complexa. E disse que também existem muitas companhias que não estão pagando suas dívidas por esperarem que o governo aprove um programa de refinanciamento.
Os analistas apontaram essa fala como um sinal amarelo. "O fato é que a deterioração foi pior do que o próprio BB havia indicado anteriormente e ainda não parece ter atingido o pico", diz trecho do relatório.
O BTG Pactual apontou ainda que a Resolução 4.966 também explica os resultados bem abaixo do esperado do BB. A medida do Conselho Monetário Nacional (CMN), que alterou os prazos do reconhecimento de juros de atraso e da baixa de ativos vencidos, amplificou os problemas enfrentados pelo banco com a carteira de agro.
Os analistas dizem que a deterioração da qualidade dos ativos forçou um aumento nas provisões, mas a Resolução fez com que esse provisionamento "subisse de elevador", tomando emprestado a expressão utilizada pelo Felipe Prince, vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos do BB, na teleconferência.
Diante do sinalizado pela direção do BB, o BTG Pactual revisou para baixo as perspectivas para o ano, avaliando que os resultados permanecerão pressionado no segundo trimestre antes de começarem a melhorar na segunda metade do ano.
Para 2025, a expectativa agora é de um lucro líquido recorrente de R$ 29,4 bilhões, 24,7% menor do que o esperado inicialmente. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi cortado em 4,86 pontos percentuais, para 15,6%.
“Vemos agora as ações do BB sendo negociadas a um BV de 0,82 vezes e um P/L de 5 vezes, segundo as mais recentes estimativas. Considerando um índice de payout de 40%, o dividend yield permanece atrativo, em 7,4%”, diz trecho do relatório.
Por volta das 10h46, as ações do BB caíam 1,40%, a R$ 25,31. No ano, os papéis acumulam alta de 5,85%, levando o valor de mercado a R$ 144,9 bilhões.