Os resultados da C&A com a reestruturação de suas operações e as boas perspectivas da economia brasileira para 2024 fizeram a XP Investimentos “colocar na sacola” a varejista, passando a recomendar a compra das ações.
Junto com a mudança da recomendação, que anteriormente era neutra, os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer elevaram o preço-alvo para os papéis da varejista de R$ 6 para R$ 10. O novo valor pressupõe um potencial de valorização de 36% em relação aos patamares em que os papéis são negociados atualmente.
“Consideramos que a C&A é uma história de reestruturação interna, uma vez que deve continuar se beneficiando das iniciativas e projetos estratégicos implementados desde o IPO”, diz um trecho do relatório. “Apesar de continuarmos cautelosos com a recuperação da demanda no primeiro semestre, vemos tendências macroeconômicas melhores, que deverão gradualmente se refletir numa melhor dinâmica de consumo.”
Entre os ajustes que a C&A realizou em suas operações desde a abertura de capital, em 2019, os analistas destacam os mecanismos de precificação dinâmica de produtos, com o uso de dados para aumentar ou reduzir preços de produtos, conforme a demanda.
Outro ponto destacado foi a implementação do modelo push & pull, em que a reposição de produtos é feita de acordo com a demanda de cada loja. Para os analistas da XP, a precificação dinâmica e o push & pull têm sido dois fatores importantes na melhora dos resultados.
Uma iniciativa que demonstra sinais promissores é a C&A Pay, seu braço de serviços financeiros. A companhia reassumiu o controle da vertical, em 2021, após fim do acordo com o Bradesco, digitalizando a operação e construindo sua própria carteira de crédito.
Segundo os analistas da XP, a C&A Pay deve ajudar a alavancar as vendas da companhia. Sobre a inadimplência, tema de grande preocupação entre as varejistas que oferecem serviços financeiros, a estimativa é de que deve ficar em patamares razoáveis.
“Apesar de estar preocupado com o perfil de crédito dos clientes e com a dinâmica futura da inadimplência, acreditamos que este risco é, de certa forma, mitigado pelo fato de a empresa se concentrar em oferecer a maior parte do seu crédito (mais de 60%) nos caixas”, informa trecho do relatório.
Sobre o cenário competitivo, que se intensificou desde a chegada de nomes internacionais de fast fashion, caso da Shein, os analistas veem o mercado mais racional. Eles dizem que a gigante chinesa está começando a sentir as dificuldades de ter que operar no País, sendo obrigada a subir preços e cobrar impostos nos produtos que vende.
Os analistas apontam ainda que a C&A está conseguindo reduzir custos, o que deve proteger suas margens. “Além disso, acreditamos que a C&A está bem posicionada em termos de proposta de valor, uma vez que a empresa tem sido muito bem-sucedida na captação das tendências da moda e na entrega aos consumidores a preços justos”, informa outro trecho do relatório.
Além dos ajustes nas operações e o cenário favorável, os analistas apontam que as ações da C&A apresentam um valuation atrativo, mesmo com as ações mais do que triplicando de valor em 2023. Segundo eles, como a empresa ainda está passando por iniciativas para ajustar sua estrutura de capital, o lucro líquido de 2024 permanece pressionado, prejudicando o valuation de curto prazo da C&A.
“Se olharmos para um P/E normalizado, assumindo um lucro líquido próximo dos níveis de 2019, de 4%, os preços atuais implicam em um múltiplo P/E de 7,5 vezes”, informa trecho do relatório.
Por volta das 12h14, as ações da C&A subiam 1,48%, a R$ 7,52. No ano, elas acumulam queda de 4%, levando o valor de mercado a R$ 2,2 bilhões.