O BTG Pactual deu início à cobertura das ações da Camil. Uma das poucas do ramo de alimentos na Bolsa, o banco vê um potencial de alta de 39% para o papel, considerando seu portfólio diversificado e o valuation em patamar historicamente baixo.

Em relatório divulgado em 13 de março, os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin recomendam a compra das ações da Camil, com preço-alvo de R$ 12, destacando que a receita apresentou uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de 18% desde 2018, com a empresa dobrando suas vendas a cada quatro anos.

“A Camil conseguiu um nível de relevância robusto ao longo da maioria das categorias de produtos, ostentando o título de primeira ou segunda marca em segmentos que representam cerca de 80% das vendas no Brasil”, diz trecho do relatório.

Os analistas do BTG Pactual afirmam que a Camil vem diversificando seu portfólio para além do arroz e feijão desde antes do IPO, em 2017, numa estratégia parecida à tomada por outros grandes nomes do ramo de marcas de alimentos.

Em 2021, ela estreou no segmento de massas e, em 2022 no mercado de biscoitos. O recente esforço para entrar no mercado de café é considerado positivo, tanto sob o ponto de vista de crescimento quanto de rentabilidade, ainda que a presença da companhia nesse segmento seja pequena.

“A receita de crescimento segue o mesmo padrão de outras companhias globais de marcas de alimentos famosas no mundo”, diz trecho do relatório. “E isso deve definir as expectativas dos investidores para o crescimento indo adiante.”

Um ponto relevante na tese de investimento da Camil é o fato de a companhia vender diferentes tipos de alimentos não perecíveis através dos mesmos canais de distribuição. Com marcas conhecidas, como União, Toddy e Coqueiro, a empresa consegue alavancar sua escala em termos de distribuição e logística, obtendo bons termos comerciais.

“Acreditamos que a Camil busca se tornar um fornecedor tão relevante para os varejistas a ponto de se tornar quase indispensável”, diz trecho do relatório. “Existem sinais de que a Camil está chegando lá em alguns casos. Recentemente, a diretoria informou que a empresa já é um dos maiores fornecedores para atacarejos e distribuidores no Brasil.”

Outro ponto importante é que a familiaridade dos consumidores com as marcas da Camil permitem à companhia colocar preços acima dos produtos concorrentes. No caso da União, os analistas do BTG Pactual apontam para valores 15% acima da média. Para a marca de arroz Camil, a diferença é de 5%.

Apesar de todos esses aspectos, os analistas do BTG Pactual destacam que as ações da Camil são negociadas com um desconto de 23% em relação aos seus pares globais e 27% ante os nomes da América Latina. O múltiplo P/E para 2024 é de cerca de 11,7 vezes (x), enquanto para 2025 é de 8,1x.

Para os próximos 12 meses, os analistas do BTG Pactual avaliam que as ações da Camil devem se beneficiar dos esforços da companhia em trazer a margem Ebitda próxima da média histórica, de 9,9%, acima dos cerca de 7,3% apurados nos últimos três anos. Boa parte disso deve vir do espaço no mercado para reajustar para cima os preços da maioria dos produtos.

A valorização dos produtos também deve ajudar a reduzir a alavancagem financeira, ponto sensível da tese de investimento da Camil em 2024. Pressionada em parte pelos R$ 1 bilhão gastos nos últimos anos em aquisições, a expectativa é de que a relação entre dívida líquida e Ebitda caia para 3,3 vezes no quarto trimestre, após alcançar 4,4 vezes no terceiro trimestre, segundo os cálculos dos analistas do BTG Pactual.

Por volta das 14h45, as ações da Camil subiam 2,08%, a R$ 8,82. No ano, elas acumulam alta de 2,2%, levando o valor de mercado da companhia para R$ 3,03 bilhões.