Depois de levantar R$ 1,2 bilhão em um recente follow on, o Banco Inter se prepara para pôr a mão no bolso e sair às compras. Liderado por João Vitor Menin, o banco já mapeou algumas áreas de interesse e está analisando adquirir empresas como fintechs e companhias que atuam em logística.

Fontes confirmaram ao NeoFeed que o foco da instituição neste momento é fazer aquisições para encorpar a sua área de investimentos e o seu marketplace. Cinco profissionais do banco foram destacados para fazerem parte de uma área chamada de Business Development para atuar em M&As.

Essa área tem como foco achar as empresas que se encaixem na estratégia de crescimento do banco. Mas, segundo fontes, não seriam grandes aquisições. São mais empresas estratégicas. “O que eles estão buscando é comprar capacidade tecnológica e de execução”, diz uma pessoa que conhece a operação.

Na visão de Menin, dizem essas fontes, não tem sentido fazer grandes compras para trazer clientes ou bilhões de reais sob custódia. Esse espaço já estaria bem ocupado e o banco, diz essa mesma fonte, tem capacidade para fazer as operações escalarem com as próprias pernas.

Hoje, a plataforma de investimentos do Inter conta com quase R$ 26 bilhões sob custódia. Além disso, a instituição tem cerca de 7 milhões de correntistas e está criando um ecossistema ao redor deles. O NeoFeed antecipou, em maio, a criação da Intercel, uma operadora de telefonia e depois a criação da Win, uma área private banking do Inter.

Há uma semana, a instituição financeira rebatizou a DLM Investimentos, comprada no fim de 2019, de Inter Asset. E o seu marketplace tem crescido a taxas chinesas. Em agosto, bateu R$ 130 milhões em GMV. E Menin já teria dito internamente que deva chegar a R$ 250 milhões até o fim do ano.

Se mantiver esse ritmo, o marketplace do Inter poderia movimentar R$ 3 bilhões em 2021, criando, assim, uma das principais empresas de varejo do País. "Com um take rate de 6%, podemos estar falando de uma receita anual de R$ 180 milhões para um negócio criado em 2019", escreveram em relatório os analistas Eduardo Rosman e Thomaz Peredo, do BTG Pactual.

Justamente por isso, o banco pretende comprar companhias de fullfilment. No fim das contas, o Inter estaria se tornando também um varejista, fazendo o caminho inverso do Mercado Livre.

À interlocutores, Menin tem dito que não é mais o caso de “se irá comprar, mas sim de quando irá fazer essas compras”. As aquisições são vistas como fundamentais para o crescimento da companhia. E não é só o Inter que está saindo às compras para ganhar musculatura.

Na semana passada, conforme o NeoFeed publicou em primeira mão, o Nubank comprou a plataforma de investimentos Easynvest, com 1,5 milhão de clientes e mais de R$ 23 bilhões sob custódia. Além de dinheiro, o negócio envolveu troca de ações.

Mas essa foi a terceira compra do ano. Em janeiro, o Nubank adquiriu a empresa brasileira de software Plataformatec. Em junho, foi a vez de levar para casa a americana Cognitec, criadora da linguagem de programação Clojure usada pelo próprio banco.

O Neon, que recebeu um aporte de R$ 1,6 bilhão, comprou a corretora Magliano para lançar a sua própria plataforma de investimentos e outras instituições financeiras como, por exemplo, o Modalmais, comprado pelo Credit Suisse, estão seguindo o mesmo caminho.

No varejo, um setor que cada vez mais disputa clientes com o mercado financeiro, há um movimento semelhante. Desde o início da pandemia, a Magazine Luiza, com um reforçado caixa de R$ 5,8 bilhões, saiu às compras e adquiriu um total de quatro empresas só no mês de agosto.

A varejista da família Trajano incorporou companhias como Hubsales, Canaltech, inLoco Media e Stoq. E, a julgar pelas declarações do CEO Frederico Trajano, mais aquisições virão pela frente.

“Nós olhamos qualquer área, desde novas categorias, superapps, entrega mais rápida, crescimento exponencial do marketplace e dos serviços ofertados aos sellers”, afirmou Trajano, durante a teleconferência do segundo trimestre. “Não temos preconceito. Nosso espectro é amplo e, por isso, não se surpreendam com nada.”

Em abril, a Via Varejo comprou a Asap log, que atua na última milha do ecommerce. Em maio, a companhia adquiriu 100% da fintech Banqi, o que marcou com mais ênfase a sua atuação no setor financeiro e de contas digitais. Aos poucos, vai se transformando em uma companhia que atua em vários segmentos.

“A vantagem da Via Varejo é que ela pode ir muito além do varejo. Temos um grande ecossistema na mão”, disse Roberto Fulcherberguer em entrevista ao programa Conselho de CEO, da Jovem Pan.

“Temos logística no nosso DNA, a maior logística do País. Temos crédito no nosso DNA, a maior carteira de crédito isolada do varejo. Temos um CRM muito ativo, com 85 milhões de clientes na base, temos lojas bem posicionadas e, agora, um superonline.” E prossegue. “Podemos ser muitas outras coisas que não só varejista.” A disputa por ativos e por mercados nunca foi tão grande.

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