Carlos Mauad, até então, chief operating officer, foi nomeado como novo CEO do PagBank. Ele substitui Alexandre Magnani, que liderava a companhia desde outubro de 2022 e passa agora a ocupar um dos assentos no conselho de administração.

Esse também será o percurso de Artur Schunck, que deixa o posto de CFO rumo ao board. Para o seu lugar, o PagBank escolheu Gustavo Sechin, que, desde agosto de 2024, atuava como diretor de relações com investidores da companhia. As passagens de bastão serão feitas em 1º de janeiro de 2026.

No mercado – e, inclusive, internamente -, a troca de CEO já era esperada. Essa expectativa começou a ser alimentada justamente com a chegada de Mauad à companhia, em setembro de 2024. Pouco tempo antes, ele havia deixado o Magalubank, a fintech do Magazine Luiza, que comandou por 18 meses.

O executivo trouxe ainda como credenciais um período de pouco mais de quatro anos à frente do Banco Carrefour, onde comandou uma virada no braço financeiro da varejista alimentar. Além de passagens por empresas como Citi e Smiles.

Conforme apurou o NeoFeed, esse currículo se conecta diretamente com uma estratégia iniciada há cerca de três anos, quando a empresa passou a investir para ir além dos pagamentos, seu negócio de origem. O que se refletiu, inclusive, na mudança da sua marca, de PagSeguro, para PagBank, em 2023.

Como o próprio nome ressalta, a incorporação de ofertas de banking ao portfólio foi o caminho escolhido para essa diversificação. Mas o entendimento é de que, apesar de avanços em produtos como contas e serviços de conveniência, houve pouca evolução na principal vertente dessa avenida.

“Quando trouxe o Mauad, a empresa já tinha a visão de que essa estrutura de banking precisava avançar de maneira muito mais contundente, em especial, na agenda de crédito, que é realmente o grande filão desse segmento”, diz uma fonte próxima à companhia, que prossegue:

“Você precisa do banking muito ancorado nas margens de crédito para rentabilizar de maneira mais adequada a relação com os comerciantes da base”, afirma. “E o Magnani sempre foi um cara de pagamentos. Ele nunca gerenciou um balanço que carrega risco de crédito”, afirma.

Em uma prova da ambição para avançar nessa área foi dada há dois meses, quando o PagBank divulgou um guidance de longo prazo para a sua operação. A linha em destaque – e que chamou mais atenção do mercado - foi a projeção de alcançar um portfólio de crédito de R$ 25 bilhões no fim de 2029.

Se Mauad já era considerado o candidato natural a assumir o mandato em direção a essa meta, o elemento surpresa do anúncio de hoje foi a troca de CFO. No cargo há cinco anos e no PagBank desde 2015, Schunck é visto como uma “prata da casa”. Antes, ele passou pelo grupo UOL, além do Walmart.

Escolhido para substituir Schunck, Sechin também acumula uma boa bagagem na área, com passagens pelo Santander – em duas oportunidades -, Banco Votorantim, ABN Amro Bank. E em pagamentos, com a Getnet.

“Ele traz uma cabeça de CFO de banco e menos de CFO de varejo”, diz a mesma fonte. “E a expectativa, com essas mudanças, é que os times de crédito e de produto sejam reforçados, para que a empresa tenha mais fluência como banco e, automaticamente, menos como uma empresa de pagamentos.”

O pano de fundo para essas mudanças envolve fatores como a competição cada vez mais acirrada em pagamentos, expressa, por exemplo, na ascensão de nomes como o Mercado Pago, do Mercado Livre. E, ao mesmo tempo, uma perspectiva de desaceleração no setor.

Nesse cenário, a busca por diversificar os negócios não foi uma estratégia adotada unicamente pelo PagBank. Outros players do segmento, como a Stone, seguiram no mesmo caminho. E esse percurso da dupla foi um dos temas abordados recentemente em relatório do BTG Pactual.

O banco ressaltou que as duas empresas não estão ganhando participação de mercado e que o setor deve enxergar, de fato, um crescimento mais lento, dado o já alto nível de penetração dos cartões no País.

Os analistas do BTG Pactual também observaram que, para que negociem a múltiplos mais elevados e atraiam uma base de acionistas mais centrados no longo prazo, PagBank e Stone precisam mostrar efetivamente capacidade de rentabilizar suas plataformas bancárias. E acrescentaram:

“Os balanços se fortaleceram significativamente e ambas as empresas têm expandido suas capacidades bancárias. Mas essa oportunidade ainda não está totalmente refletida em seus valuations”, escreveu o banco.

Nos dados mais recentes dessa operação, divulgados também na noite desta quarta-feira, o PagBank encerrou o terceiro trimestre com uma carteira de crédito de R$ 4,2 bilhões, alta de 29,9% sobre igual período de 2024. Já o volume total de pagamentos (TPV) recuou 4,7%, para R$ 129,8 bilhões.

O lucro líquido ficou em R$ 571 milhões, praticamente estável em relação aos R$ 572 milhões contabilizados na última linha do balanço, um ano antes. A receita líquida avançou 14,4%, para R$ 3,41 bilhões e o volume de clientes cresceu 5,1%, para 33,7 milhões.

As ações do PagBank encerraram o pregão dessa quarta-feira com queda de 4,93%, cotadas a US$ 9,44. No acumulado de 2025, os papéis registram, porém, uma valorização de 50,7%, dando à empresa um valor de mercado de US$ 2,75 bilhões.