O avanço do processo de privatização da Copasa está animando os analistas que acompanham a companhia de saneamento de Minas Gerais, que veem espaço para novas valorizações das ações, mesmo com os ativos acumulando alta de 78% no ano, levando o valor de mercado a R$ 13,8 bilhões.
A perspectiva de desestatização levou o Citi a se juntar ao Itaú BBA e recomendar a compra dos papéis. O banco americano também elevou o preço-alvo de R$ 27 para R$ 45, um upside de 67% em relação ao patamar atual da cotação.
Segundo os analistas do Citi, João Pimentel e Felipe Lenza, o processo deu sinais de aceleração com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que busca eliminar a obrigatoriedade de referendo estadual para a privatização de companhias públicas.
No dia 8 de outubro, o comitê especial da Assembleia Legislativa aprovou o relatório favorável à PEC, que será analisado em Plenário. “Desde o começo de outubro, o processo de privatização da Copasa entrou em estágios mais avançados”, diz trecho do relatório do Citi.
O avanço da privatização foi o principal motivo para o Itaú BBA recomendar a compra das ações da Copasa na semana passada e elevar o preço-alvo de R$ 24,10 para R$ 43,20.
Para os analistas Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha, embora o patamar atual de valuation pressuponha boas chances de privatização, ele ainda está abaixo do que deveria ser.
“Dadas as probabilidades mais fortes a favor da privatização, optamos por adotar um preço-alvo que implica 60% de uma Copasa privatizada no valuation e 40% de uma empresa estatal bem administrada”, diz trecho do relatório.
A visão dos analistas do Citi e do Itaú BBA é a de que uma Copasa privatizada será capaz de capturar oportunidades que não consegue como companhia estatal.
Para os analistas do Citi, João Pimentel e Felipe Lenza, a privatização abre caminho para ganhos de eficiência e um “espaço significativo” para a expansão da base de ativos regulatórios (RAB), considerando que a companhia investiu menos que seus pares na operação.
“Grande parte do crescimento que vemos para a Copasa advém da aceleração dos investimentos em uma base de ativos regulatórios desatualizada”, diz trecho do relatório do Citi.
“Além disso, uma fonte fundamental de criação de valor reside na melhoria da eficiência operacional. Como empresa estatal, a Copasa historicamente enfrentou diversas restrições em termos de otimização de custos e flexibilidade da força de trabalho”, complementa.
Os analistas destacaram também que as autoridades estabeleceram bons parâmetros para a próxima revisão tarifária, entre eles o aumento do custo médio ponderado de capital regulatório (WACC, na sigla em inglês), válido até 2029, de 9,15% para 9,42%. O valor ficou acima dos 7,8% da Sabesp e dos 8,08% da Sanepar.
Este ponto também foi ressaltado pelos analistas do Itaú BBA. Segundo eles, a proposta da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG) trouxe “melhoras significativas no front regulatório”, elevando os potenciais de ganhos para a companhia.
Apesar do otimismo com a privatização, os analistas do Citi ressaltam que o calendário eleitoral reduz a janela de oportunidade, introduzindo algum grau de incerteza no processo.
É um contraste em relação à Sabesp, cuja privatização foi lançada logo após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tomar posse, em 2023. A venda levou quase 12 meses para ser concluída.
“Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema deve anunciar sua candidatura presidencial ou ao Senado no ano que vem, o que exigiria sua renúncia até o início de abril (seis meses antes da eleição), podendo encurtar a janela de execução”, diz trecho do relatório.
Por volta das 13h15, as ações da Copasa subiam 1,12%, a R$ 36,14. No período da manhã, o papel chegou a subir mais de 2%.