Após ficar “de lado” em relação à tese de investimento da Rede D’Or, diante das dificuldades financeiras das operadoras e seguradoras de saúde, que poderiam prejudicar os planos de crescimento da companhia, o Citi entende que chegou o momento para voltar a ficar comprado nos papéis.
Mesmo vendo poucos catalisadores no curto prazo, o banco decidiu elevar a recomendação para as ações, que estava em neutro. A decisão foi tomada diante da qualidades dos resultados apresentados até o momento e as boas perspectivas para os próximos balanços, além do valuation, que está em patamares considerados atrativos.
O preço-alvo, por sua vez, não acompanhou a melhora da recomendação. Ele foi rebaixado de R$ 30 para R$ 28 para levar em conta a deterioração do cenário macroeconômico, entre os problemas fiscais e dúvidas quanto à política monetária, prejudicando as taxas livres de risco e o risco-País.
“Embora as preocupações quanto ao crescimento orgânico parecem ser amplamente compartilhadas entre os investidores, destacamos que as margens continuam surpreendendo positivamente, o que, combinado com as provisões técnicas sem precedentes da SulAmérica, deve ajudar a impulsionar o crescimento dos resultados indo adiante”, diz trecho do relatório assinado pelo analista Leandro Bastos.
A combinação da boa execução financeira da Rede D’Or, marcada pela baixa despesa operacional e financeira, e os números da SulAmérica, fizeram o Citi revisar para cima as perspectivas para o lucro em 2024 e 2025, mesmo com as previsões para receita e Ebitda ficando praticamente inalteradas.
Para este ano, a estimativa para o lucro líquido ajustado subiu em 4%, para R$ 2,9 bilhões, enquanto para o próximo ano avançou 7%, a R$ 3,8 bilhões.
O relatório também traz as perspectivas do banco para os resultados da Rede D’Or no primeiro trimestre. A expectativa é de que a parte de hospitais registre um crescimento de 7% da receita, em base anual, para R$ 6,5 bilhões, com uma melhora da rentabilidade – a margem Ebitda deve crescer 0,94 ponto percentual, para 25%.
Em relação à SulAmérica, o analista estima que a receita deve manter o crescimento na casa de um dígito, subindo 8% em base anual, para R$ 6,9 bilhões. A seguradora também deve apresentar uma melhora na sinistralidade (MLR, na sigla em inglês) em base trimestral, em 0,50 ponto percentual, a 85,2%, e abaixo dos 89,7% do mesmo período de 2023.
Junto com as boas perspectivas para os resultados, o analista do Citi afirma que as ações da Rede D’Or estão em um patamar atrativo, negociadas a um múltiplo P/E de 13,4 vezes para 2025. Em janeiro, em outro relatório sobre a Rede D’Or, o analista destacou que o múltiplo estava em 19,5 vezes.
“As posições [nos papéis] parece leve, as expectativas estão ‘ancoradas’ e o valuation está mais atrativo, o que, considerando a dominância geográfica e o longo histórico de boa execução e alocação de capital assertiva em termos de criação de valor, oferece uma boa assimetria [para as ações]”, diz trecho do relatório.
Por volta das 13h17, as ações da Rede D’Or subiam 5,15%, a R$ 24,52. No ano, elas acumulam queda de 14,7%, levando o valor de mercado a R$ 52,6 bilhões.