Distribuidora de marcas como Samsung, Apple e Microsoft, a Allied Tecnologia abriu capital na B3 em 12 abril, sob a desconfiança do mercado. A ação foi precificada em R$ 18, abaixo da faixa indicativa inicial de R$ 20 a R$ 26 e a empresa captou R$ 270 milhões, sendo R$ 180 milhões em sua oferta primária.
Passados pouco mais de dois meses, no entanto, o papel já acumula uma valorização de 68,5%. E agora, está no centro de uma avaliação positiva da XP, que iniciou a cobertura da ação nesta segunda-feira, 28 de junho, com recomendação de compra e um preço-alvo de R$ 38.
A cifra em questão representa uma valorização de mais de 25% sobre a cotação de R$ 30,33 do papel da Allied no fechamento do pregão da última sexta-feira. Atualmente, a companhia está avaliada em R$ 2,75 bilhões.
A visão otimista da XP sobre a Allied é baseada na tese de que a companhia está bem posicionada em seu negócio de distribuição, por meio de sua escala e capilaridade no País, para impulsionar sua entrada no varejo físico e digital, com vendas diretas ao consumidor.
Os analistas ressaltam que o varejo, que trabalha com margens mais atrativas que a distribuição, já representa 25% da receita e 47% do lucro bruto da empresa, números que devem chegar a 45% e 70%, respectivamente, em 2024.
“Estimamos uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de lucro líquido de 21,2% entre 2021 e 2024, com margem líquida atingindo 4,7% em 2024, à medida que o varejo aumenta sua relevância para a empresa”, escreveram os analistas.
O relatório destaca que a Allied é um dos maiores distribuidores de eletrônicos do País, com mais de 2 mil itens, de 30 marcas, entre elas, além das já citadas, LG, Motorola, HP, Acer, Asus, Sony e Lenovo, em categorias como notebooks, celulares, TVs, impressoras e jogos.
A empresa está conectada a mais de 3,4 mil clientes, de pequenos varejistas a grandes redes do setor, como Magazine Luiza e Via Varejo. E tem uma cobertura de 5 mil municípios brasileiros, por meio de cinco centros de distribuição.
Nesse contexto, a Allied vem desenvolvendo modelos dentro do seu ecossistema de varejo, como a SAV/Wooza, plataforma de venda de produtos e serviços; a Soudi, plataforma digital de crédito e pagamento; a Mobcom, de e-commerce e marketplace; e a iPhone para Sempre, parceria com o Itaú e a Apple para a venda desses dispositivos aos clientes do banco.
Além desses modelos digitais, no varejo físico, a Allied trabalha com formatos que envolvem a operação de lojas e quiosques da Samsung – a empresa responde por 35% das vendas dos pontos-de-venda da marca, além de quiosques de outras marcas instaladas em lojas de terceiros, no modelo mais conhecido como store-in-store.
“Esperamos que o canal de varejo (físico e digital) cresça sua receita líquida a um CAGR de 25% entre 2021 e 2024, sendo que o físico deve crescer a um CAGR de 25,3%, enquanto o digital, de 24%”, ressaltaram os analistas da XP.