Com três trimestres consecutivos de crescimento de receita, a Vamos bateu recorde na última linha do balanço, segundo a demonstração financeira divulgada nesta quinta-feira, dia 27 de outubro. 

O lucro líquido somou R$ 150 milhões, um aumento de 34,7% em relação ao terceiro trimestre de 2021. A receita subiu 66%, na mesma base de comparação, para R$ 1,38 bilhão, e o Ebitda avançou 90,2%, a R$ 554,4 milhões. 

Com tudo bem encaminhado para fechar 2022 com resultados positivos, a companhia do Grupo Simpar já tem os próximos anos traçados, registrando uma receita futura contratada (backlog) na casa dos R$ 12,6 bilhões. 

E para atender a demanda dos clientes, a Vamos formou um estoque de ativos novos, para não ficar refém da disponibilidade de produtos nas montadoras e dos preços no mercado. 

"A gente conseguiu se antecipar num movimento estratégico importante, formando um estoque de produtos, ainda 2022, alinhados ao Euro 5", diz Gustavo Couto, CEO da Vamos, ao NeoFeed

O sistema Euro 5, que no Brasil recebeu o nome de Proconve P7, é um conjunto de normas técnicas que vigoram desde 2012 e visam reduzir a emissão de gases poluentes por veículos movidos a diesel. A expectativa é que as vendas de veículos adaptados a esse modelo cresça no começo de 2023, diante da entrada em vigor dos regulamentos da Euro 6, puxando os preços dos veículos para cima. 

"Isso [Euro 5] vai trazer um aumento dos preços dos caminhões de mais de 20%, e nós provavelmente seremos a única companhia no início de 2023 que vai ter produto competitivo Euro 5, com oportunidade de acelerar o crescimento", diz Couto. 

No terceiro trimestre, a frota da parte de locação atingiu 38.561 unidades, sendo 30.614 caminhões e implementos e 7.947 máquinas e equipamentos, representando um crescimento de 89,2% em relação aos ativos do terceiro trimestre de 2021 e de 13,6% ante o segundo trimestre deste ano.

Couto destaca que tem atualmente R$ 2,4 bilhões em estoques de ativos, sendo R$ 568 milhões com contratos já confirmados e em implantação nas próximas semanas. A expectativa é de que, quando locado e entregue aos clientes, esse estoque tenha potencial para gerar uma receita próxima a R$ 50 milhões por mês e um backlog de cerca de R$ 3 bilhões. 

Com o estoque reforçado, a tendência é seguir atendendo os clientes sem sobressaltos, considerando os acordos já fechados. A Vamos viu seu backlog mais que dobrar em relação ao mesmo período de 2021 e expandir 16,6% ante o apurado no segundo trimestre, para R$ 12,6 bilhões. 

A companhia seguiu ampliando e diversificando a carteira de clientes, ao assinar 940 novos pedidos e contratos no acumulado do ano, chegando ao final do terceiro trimestre com  3.042 contratos e atingindo 1.049, versus 690 ao final do terceiro trimestre de 2021. 

O trimestre também foi marcado por um volume elevado de fechamento de novos negócios. O capex contratado, investimentos em bens de capital que a empresa precisa fazer para atender à demanda de contratos já fechados com clientes, subiu em 93,9%, em base anual, somando ao longo do terceiro trimestre mais de R$ 1,4 bilhão em contratos de locação de longo prazo.

No acumulado do ano, o investimento contratado atingiu R$ 4,54 bilhões, montante equivalente ao ponto médio do guidance para o ano, e 71,5% superior em relação ao mesmo intervalo de 2021. 

Ainda que esteja capturando a demanda por locação de caminhões e máquinas, Couto entende que ainda há uma barreira cultural a ser superada, de valorização da posse dos ativos. 

Para ele, a vigência dessa mentalidade abre espaço para continuar crescendo no ritmo atual, sem esbarrar na concorrência que vem se abrindo, com a Volkswagen oferecendo serviço de aluguel de caminhões, além da presença da Ouro Verde no mesmo mercado.

“O grande concorrente que a Vamos tem é o modelo tradicional de compra”, afirma. “Mas a gente não tem nenhum cliente que alugou e voltou atrás, decidindo comprar.”

Concessionárias

No outro segmento em que a Vamos atua, de concessionárias de caminhões, máquinas e equipamentos, Couto afirma que o desempenho superou as expectativas, com a receita líquida crescendo 49,6%, para R$ 787,9 milhões.

A margem operacional também teve bom desempenho, totalizando 15,0% no terceiro trimestre, comparado a 10,9% no mesmo período em 2021. 

“Tivemos uma diversificação importante, não dependemos mais só da venda de caminhões, a gente também é concessionário de máquina agrícola e linha amarela”, diz o CEO. “Temos diversificação setorial, diversificação de portfólio e uma presença regional cada vez maior no Centro-Oeste, somos a maior rede de concessionárias agrícolas na região que mais cresce no País.”

Com caixa recheado, alcançando R$ 3,1 bilhões no terceiro trimestre, Couto diz que, assim como em locação, o plano com concessionárias é crescer organicamente.

As ações da Vamos fecharam o pregão desta quinta-feira, dia 27 de outubro, com alta de 6,82%, a R$ 15,34. No ano, elas acumulam alta de 28%, levando o valor de mercado a R$ 15,6 bilhões.