Mais de um mês após a Totvs divulgar resultados decepcionantes no quarto trimestre de 2023, os analistas do J.P. Morgan revisaram para baixo suas expectativas para a companhia, avaliando que a rentabilidade deve vir menor que o esperado no curto prazo.

A piora das perspectivas da companhia levou os analistas Marcelo Santos, Froylan Mendez e Jessica Mehler a reduzirem a recomendação para as ações de compra para neutro. E cortar o preço-alvo de R$ 40 para R$ 36.

A notícia pesa sobre o desempenho das ações da Totvs. Na terça-feira, 26 de março, por volta de 11h45, os papéis da empresa caíam 4,60%, a R$ 28,85. No ano, eles acumulam queda de 12,61%, levando o valor de mercado a R$ 17,8 bilhões.

A decisão de reduzir a recomendação para as ações da Totvs e de cortar o preço-alvo foi motivada principalmente por uma postura mais conservadora quanto às perspectivas do braço de gestão no curto prazo.

“Vemos espaço limitado para surpresas positivas em termos de expansão da receita receita anual recorrente (ARR, na sigla em inglês), já que as bases de comparação são muito robustas”, diz trecho do relatório.

Os analistas afirmam que o crescimento do ARR do segmento no quarto trimestre foi impulsionado por uma renegociação de contratos de nuvem, algo que não deve se repetir no primeiro trimestre. Eles apontam ainda que o resultado no primeiro trimestre de 2023 foi beneficiado por um incremento de receita de licenças do modelo corporativo.

A expectativa de que esses efeitos não devem se repetir fez os analistas projetarem uma margem Ebitda 1,8 ponto percentual menor, estimando agora que ela feche 2024 em 25,8%. Isso representa um corte de 7% no Ebitda do segmento

Por consequência, os analistas reduziram a previsão para o Ebitda do consolidado da Totvs em 7%, para R$ 1,2 bilhão, e cortaram a expectativa para o lucro líquido ajustado em 2024 em 9%, para R$ 786 milhões.

O desempenho do segmento de gestão vem sendo observado de perto pelo mercado desde que ele pesou sobre os resultados da Totvs no quarto trimestre. Ele foi o responsável para que as ações recuassem 9,77% em 8 de fevereiro, dia seguinte à divulgação do balanço. Analistas destacaram, na ocasião, o fraco resultado da Dimensa no período, joint venture da Totvs e da B3 que atua com infraestrutura para o mercado financeiro.

Embora seja o principal fator por ter levado o J.P. Morgan a reduzir a recomendação para as ações da Totvs, o braço de gestão não foi o único que piorou a visão do banco para as expectativas da companhia no curto prazo. As perspectivas para a joint venture Techfin também não empolgam os analistas.

“Olhando para a Techfin, os resultados devem permanecer fracos no primeiro semestre, com Ebitda negativo, com a fraqueza sazonal acompanhada pelo aumento dos custos com a joint venture, sem nenhuma receita incremental para amortizar esses dois pontos”

Apesar do pessimismo com o curto prazo, os analistas do J.P. Morgan se mostraram otimistas com as perspectivas da Totvs no longo prazo, diante da mistura de defensividade dos negócios de sistemas de gestão e das perspectivas de valorização da joint venture Techfin.

Mas, por enquanto, eles recomendam que os investidores esperem um “melhor ponto de entrada”, considerando que as ações são negociadas a um P/L de 23 vezes e que o lucro por ação deve crescer a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) de 18% entre 2024 e 2027.