As criptomeodas não têm relação direta com o desempenho das bolsas de valores ao redor do mundo, mas costumam ser impactadas pelo sentimento de insegurança dos investidores. E é isso que vem acontecendo nos primeiros dias de agosto. Nas últimas 24 horas, a capitalização do mercado cripto recuou 19,6%, uma perda de US$ 370 bilhões, de acordo com o CoinTelegraph.

O bitcoin foi o mais prejudicado pela debandada do mercado. Seus ativos recuaram 16% em valor no dia, cotados a US$ 50,1 mil, pior avaliação desde fevereiro. O Ether, segundo maior criptomoeda do mercado, também perdeu 22% de seu valor nas últimas horas.

O movimento negativo replica o pânico geral visto em Wall Street, na Ásia e também na Europa, após dados econômicos divulgados na última semana aumentarem o medo de uma possível recessão nos Estados Unidos.

Na quarta-feira, 31 de julho, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, optou por manter sua taxa de juros estável e não prometeu um corte em setembro, algo que muitos especialistas do mercado já haviam incorporado em suas previsões. Junto a previsões menos otimistas, balanços financeiros fracos e dados de desemprego piores ajudaram a derrubar as bolsas.

No Japão, o índice Nikkei 225 teve seu pior dia desde 1987, caindo 12,4% em um frenesi de vendas desencadeado por dados dos EUA e um aumento no iene japonês. Também na última semana, o Banco do Japão (BoJ) anunciou que aumentaria sua taxa de juros de referência para o nível mais alto em 16 anos.

“Uma prática conhecida no mercado financeiro era pegar dinheiro a juros zero no Japão e investir em outras economias, como a dos Estados Unidos. Agora, a perspectiva é de que esse movimento não seja tão lucrativo, trazendo uma desalavancagem para o mercado e afetando as criptomoedas”, afirma André Franco, head de análise do MB.

O recente colapso das criptomoedas deve ser sentido por uma base mais ampla de investidores, após a SEC (Securities and Exchange Commission) e o Banco Central terem aprovado este ano novos ETFs (fundos negociados em bolsa) de bitcoin e ether.

No Brasil, existem 13 ETFs de criptomoedas listados na B3 e ao menos 4,1 milhões de investidores em criptoativos, segundo dados da Receita Federal.

Um estudo realizado pela PagSeguro estima que o Brasil é o maior mercado de cripto da América Latina, tendo movimentado US$ 26 bilhões em 2023. Para 2026, a projeção é atingir US$ 33 bilhões.

“É importante lembrar que as criptomoedas sempre foram a melhor alternativa para o mercado em momentos como esse, já que foi pra isso que essas moedas foram criadas”, diz Franco. “O aumento de liquidez que os mercados vão buscar agora favorece as criptomoedas e o bitcoin deve absorver esse cenário em pouco tempo.”